Álbum de fotografias
Ao folhearem um álbum de fotografias as pessoas têm muitos motivos para reflexão; desejariam ficar mais bonitas, mesmo em retratos; esse detalhe se torna flagrante nos modelos fotográficos, onde são estudados os detalhes, os melhores ângulos, inclusive, existindo cláusulas contratuais, que impedem o livre arbítrio do fotógrafo; motivo pelo qual, alguns modelos desagradam quando vistos pessoalmente. Por esses detalhes de fotografia, nascem os comentários habituais...Não sou fotogênico, não fiquei bem no retrato, o ângulo não me favoreceu, estava abatido, envelhecido, gordo, magro, não aparece o meu traço mais marcante etc. As fotografias que mais agradam ao próprio tornam-no irreconhecível para outros, pois, diferem do original; como se fosse a interpretação de um pintor em relação a uma paisagem. Eu nunca fui fotogênico (!) por isso meus retratos não deixaram saudades; em alguns estou orelhudo, em outros tenho cara de broa, em outros pareço retardado, mas não me perguntem a diferença entre as duas últimas; parece que na primeira os olhos são maiores; num deles até um ralo bigode apareceu. Na minha vaidade, nunca me conformei com os maus resultados dos retratos; reconheço-me narigudo, queixudo, dentes tortos, desalinhados e olhar pequeno; D. Guida, mãe do Renato, dizia que eu tinha o olhar triste. O melhor é tirar muitos retratos, escolher um bem bonito, mesmo diferente do original; o que vale não é a versão? De vez em quando, lanço um olhar para o retrato de minha mãe, que fica no escritório; tinha 29 anos; admiro seu tipo de beleza serena; eu ainda não havia nascido à época do retrato - logo, nosso Freud não teria o que explicar...Nem eu tenho!