Auke - Capítulo 01
Chovia muito naquele dia. Uma forte tempestade assolava a planície de Tantara, na região central da Nação do Leste. Enquanto todos estavam abrigados em suas casas fugindo dos ventos e dos raios, Auke se preparava para seu grande momento. No alto dos seus 13 anos passaria agora pelo Ritual de Comunhão do Clã da Nuvem.
Vestido com uma longa túnica até os tornozelos e com um capuz protegendo a cabeça, portando também sua katana presa à cintura, Auke observava de dentro da cabana a tempestade lá fora rugir com fúria. Ele sabia que Raku, o deus Trovão, estava testando-o, instigando seus medos, querendo fazê-lo desistir. Mas todo garoto do clã da nuvem se prepara desde a tenra infância para este momento. Primeiro passando por árduos treinamentos em artes marciais para depois, no começo da fase adulta, entrar em sintonia com o elemento símbolo do clã, o Trovão.
Auke avistava logo à frente no alto de um pequeno morro o mestre Kentaru terminando os preparativos. Ele riscava algo no solo com um graveto e quando finalizou olhou para seu pupilo e fez um aceno de positivo com a cabeça chamando-o. Neste momento um grande trovão iluminou a face de auke, revelando seu olhar compenetrado.
Esse é um momento vivenciado apenas por mestre e aluno. Com certeza em outros locais da grande planície, outros mestres iniciavam seus pupilos.
Esse momento é o grande teste inicial para quem quer se tornar um servo dos elementos sagrados.
Caminhando decididamente, o pequeno garoto de não mais de um metro e sessenta de altura, pele clara, olhos de um azul claro e hipnotizante e cabelos negros e lisos, se aproximava do alto do morro. A chuva continuava a castigar duramente os céus com seus trovões e raios poderosos.
Ao chegar em frente ao mestre, Auke sabia o que fazer. Deu um passo à frente e se posicionou dentro do símbolo riscado no chão. Tirou a túnica, ficando nu da cintura para cima, vestindo apenas calças e com os pés descalços. Tudo era acompanhado pelo olhar atento do mestre.
Era chegada a hora que por tanto tempo Auke ansiava. Seria ele mais um escolhido de Raku? Seria digno de seguir o caminho do trovão? Seria-lhe dada a oportunidade de continuar os treinamentos no caminho dos guerreiros da tempestade? Eram perguntas que não saiam da sua cabeça. Só haveria um jeito de saber.
Percebendo o momento, auke saca calmamente a katana da cintura, apontando-a para frente num gesto firme. Bastava agora realizar o movimento e fazer o pedido formal.