O Rei e o Príncipe
Era uma vez, um rei muito esforçado, mas de pouca sabedoria. Ao nascer seu filho, disse para si: “Este mundo é um infindo sofrer. Vou livrar o meu filho das dores deste mundo”. Assim, o rei passou a proibir seu filho de correr, para que não viesse a se machucar. Quando o príncipe cursava a escola, o rei fazia suas tarefas, para que seu filho não viesse a se frustrar. Quando o príncipe acompanhava uma guerra, o rei lhe proibia de lutar. Quando o príncipe tinha de tomar uma decisão administrativa, o rei indicava qual decisão tomar, para que o seu filho não corresse o risco de falhar.
O príncipe casou-se, e também teve um filho. No entanto, ao invés de fazer como o seu pai, permitiu ao seu filho sentir a dor e o sofrimento deste mundo. Às vezes, o filho do príncipe corria e caía. Às vezes, o filho do príncipe se frustrava na escola. Às vezes, era ferido na guerra, às vezes, fracassava nas suas decisões ao invés de obter sucesso.
E o rei disse ao príncipe: “Filho, livrei-te das dores e dos sofrimentos deste mundo, mas ao teu filho expuseste a dor e o sofrimento. Ele se machuca, se frustra, é ferido, e falha. O que fizeste dele?”
E pelo que, o príncipe respondeu: “Pai, tu me aprisionaste. Ao privar-me da dor e do sofrimento, privaste-me de viver. Dor e sofrimento fazem parte desta vida. Viveste tu minha vida, e eu nada vivi. Tu não me livraste da dor. Tu negaste-a para mim. E negando-a, negou-me a vida. Se queres saber o que fiz de meu filho, respondo-te: fiz dele um homem livre”.