Os três porquinhos
Era uma vez, três porquinhos: Pitaguá, José da Silva e Ricardo Monchester, mais conhecido como Prático.
O primeiro - filho de Tupã, pescador e caçador -, construiu uma casa de palha. Seu irmão Prático lhe dizia: “Você tem que ser como eu, que estou construindo uma casa de tijolos, concreto, pintura, telhados e acabamentos, porque um dia virá o Lobo-Mau, que soprará e derrubará a sua casa até os alicerces”.
O segundo - não se lembra quem é o pai, pedreiro e mecânico -, construiu uma casa de madeira. Seu irmão Prático lhe dizia: “Lhe contratei para levantar a minha casa de tijolos e você não pode fazer uma igual para você também? Um dia virá o lobo-Mau, que soprará e soprará e derrubará a sua casa até os alicerces”.
O terceiro - neto dos Guimarães e herdeiro dos Clifford -, edificou para si uma casa de tijolos para morar, e dizia: ” Terei para mim uma bela casa, com tudo que posso comprar, e a farei cheia de equipamentos de segurança, porque quando vier o Lobo-Mau, não terei medo e ele não me atingirá nem me fará mal”.
Um dia, passava por aquelas bandas o Lobo-Mau. Viu de longe Pitaguá e correu para devorá-lo. O porquinho, ao vê-lo, refugiou-se às pressas em sua casa de palha. O lobo gritou: “Abra esta porta para eu consumi-lo, ou irei soprar, soprar até sua casa e cultura derrubar”.
Pitaguá lhe resistiu, e o lobo aspirou tudo a sua volta, e soprou violentamente contra a casa do porquinho. Sua casa foi aos ares. Desprotegido, tratou de correr para pedir ajuda a seu irmão mais próximo: “Zé, me ajude, o Lobo-Mau está vindo e destruiu tudo o que é meu. Preciso de um lugar para ficar”. “Corramos para minha casa (disse José), que lá ele não nos pegará”.
O lobo correu até a casa de José e vociferava à porta: “Se vocês não me deixarem entrar e a tudo devorar, eu vou assoprar, assoprar, até tudo derrubar”.
Os porquinhos resistiram como podiam, e o lobo, não vendo outro meio de conseguir o que queria, aspirou todo o ar a sua volta e soprou um forte vento contra a casa, que não resistiu e despedaçou-se pelos ares. Agora, sem nada, resolveram os dois porquinhos buscarem esperanças no irmão. Quase com o lobo alcançando-os, chegaram até as terras do irmão e choraram: “Irmão Ricardo, o lobo veio e destruiu tudo o que é nosso, e já não temos onde morar, com o que sobreviver! Precisamos ficar em sua casa”. E o porco lhe respondeu: “Eu avisei que vocês não construíram uma casa como a minha porque não quiseram. Se vocês se empenhassem, conseguiriam. Agora, abriguem-se aqui só por este dia, pois não posso cuidar de vocês. Vocês têm que aprender a lição. Tomem essas moedas como ajuda, e corramos para a minha casa, pois aí vem o lobo”.
O lobo chegou às portas da casa de Prático e disse: “Abram essa porta a fim de eu devorá-los, senão eu vou assoprar, e assoprar, até tudo derrubar”. E o porco ria, ria: “Pode soprar, pode soprar, pois essa casa é firme e jamais vai se abalar”. E zombava do lobo, que, não encontrando outro artifício, aspirou o que sobrou a sua volta e soprou um forte vento contra a casa, mas esta não se abalava.
E ele tentou mais uma vez, e tentou, e tentou, e mais se enfraquecia, até que desistiu e se afastou dali.
Prático fez um empréstimo para os irmãos. Pitaguá começou a construir uma casa de tijolos, mas nunca entendeu por que deixar de ser como sempre fora, e o lobo, um dia, o pegou desprevenido e o devorou.
José também começou a construir uma casa de tijolos, mas não conseguiu terminar, e, sem proteção, não tardou a ser devorado pelo lobo.
“Esse mundo está muito violento”, disse Prático. Vendeu sua casa para o lobo e mudou-se para bem longe dali.