Os antigos diziam que quem andasse em Endahar, sem saber seus segredos, jamais voltaria.

 

Zerk não acreditava. Ansioso em mostrar coragem, saiu de casa às primeiras horas da manhã. Levava uma mochila e um cantil. Em menos de dois dias, pensava, voltaria.

 

A floresta o recebeu sob suas densas sombras. O som do vento, o canto dos pássaros, o fluir longínquo de rios e cascatas, o circundou. Zerk estava maravilhado! Como temer tanta beleza? Os antigos eram tolos e covardes.

 

Com o tempo, Zerk cansou. Estava perdido. Olhou para um lado e outro. Inútil. Sentou-se para descansar e adormeceu.

 

Sonhou com sua casa, a mãe à beira do fogão, seu pai a rachar lenha. Viu-se enfim casado com Mira, em sua própria casa, rodeado de filhos. Era um homem sadio e feliz.

 

Acordou assustado, a imagem dos sonhos ainda diante dele. A floresta sumira. Estava em uma clareira onde um velho o olhava.

 

‘Onde estou?’ – perguntou Zerk.

 

‘Endahar. Eu o esperava’ – disse o velho, tornando-se a cada instante mais jovem.

 

Zerk quis gritar. Mas não pode. Viu-se velho e decrépito. 

A floresta voltou a rodeá-lo enquanto o velho, tornado Zerk, voltou para casa.