O SACI
Tudo era normal lá no lugarejo chamado Porto Ferrão.
O dia passava tranqüilo. As crianças brincavam na linha do trem. Outras viviam infernizando um grupo de Ciganos que se acampavam por ali.
Sempre as brincadeiras acabavam mal, eles brigavam por pouca coisa e saiam dizendo palavrões horríveis ao qualquer ouvido insensível.
O dono da venda, um senhor muito sério, temente a Deus, que se chamava Bento Capivara, vivia aconselhando os meninos.
Sempre dizia: _ Meninos! Parem com isso! Chega de brigas!
O coisinha Ruim ta por perto.
O Juca, um dos valentões, já gritou, _ se ta falando é do Saci? Isso é lenda! Não existe seu velho tonto! E saiu chutando tudo o que encontrava pela frente.
E Dizia: Veja só que bobagem, só faltava essa agora, essa história de saci para atrapalhar a brincadeira.
Quando chegou a sua casam encontrou sua mãe desesperada, gritando tudo quanto é Santo.
Nossa mãe! Que houve por aqui? Parece que passou redemoinho!
A mãe entre soluços e tremendo de medo, responde:
_ Juca, meu fio apareceu um negrinho, de uma perna só e usava um gorro vermelho na cabeça e tinha as duas mãos furadas.
Ele fez o maior estrago aqui no sitio, ele gorou todos os ovos das chocas da granja. Foi no fogão e colocou o saleiro inteiro na comida. E o pior fez uma ligação para o primo dele que mora no Japão, falou durante cinqüenta minutos.
Só quero ver quando chegar à conta do telefone, será um absurdo de caro, vamos precisar vender a vaquinha Mococa, a única vaca que temos e que nos dá o sustento.
Juca ficou preocupado e se sentiu responsável pelo acontecido, pois ele desafiou uma entidade do Folclore brasileiro. Daí em diante ele procurou melhorar seu comportamento e foi trabalhar na venda do senhor Bento Capivara.
E a vida no Porto Ferrão continua pacata e misteriosa. Sempre sendo ocupada por tendas de Cigano. E isso é a alegria do lugar, pois a noite tem danças e musicas ao som do violino ao redor da fogueira.
Matheus Semensato