Paraíso perdido

Não sei muito bem o que me ocorreu na noite passada. Após chegar extremamente angustiada do trabalho, por mais que um enorme cansaço consumisse meu corpo, não conseguia dormir. Pensava apenas na demissão e no que faria para manter-me a partir de então. Lembro-me de ter ficado pelo menos cinco horas assim, inerte em dolorosos pensamentos, tentando me convencer de que esta situação era apenas um terrível pesadelo. Após isso, porém, vivi uma experiência incrível, que qualquer pessoa gostaria de ter. Minha alma ficou totalmente renovada.

É difícil explicar como começou, apenas recordo o belíssimo lugar em que me encontrava. Lagos límpidos e cristalinos. Florestas de um verde nunca visto. Borboletas e pássaros de cores intensas. Espécies de flores das mais variadas. Pequenos seres de uma beleza pura e inocente faziam os mais diversos tipos de travessuras. Uma brisa fresca tocava meu corpo suavemente. Com certeza estava no paraíso.

O céu que até o momento encontrava-se extremamente azul adquiriu um belo tom alaranjado. Algum tempo depois presenciei o sol se pondo. A beleza dourada converteu-se em uma belíssima lua, branca como leite, que se encontrava em meio a um extenso universo de estrelas prateadas. O mistério da noite me envolvia.

Cheguei a sentir medo. Estava sozinha em um mundo perdido. Depois de muito procurar, deparei-me com uma civilização amplamente organizada. Cada um exercia sua função sem que órgão algum os controlasse. Ninguém detinha o poder. Ser algum precisava ser julgado. Tudo funcionava perfeitamente. A ambição e a ganância eram sentimentos desconhecidos. Ao perceberem minha presença, receberam-me de braços abertos.

Amanheceu. Resolvi fugir. Um sentimento de culpa tomava conta do meu ser. Mergulhei nas águas geladas de um lago fantástico e acordei aqui. Não podia permanecer lá. Minha experiência de vida terrestre poderia corrompê-los.

Aquele só poderia ser um universo paralelo, fora de nossas realidades. Na Terra jamais existiria algo perfeitamente semelhante.

Kamilla Pinheiro Garcia
Enviado por Kamilla Pinheiro Garcia em 15/08/2008
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