Corria o reinado de Safar I quando, em uma noite sem nuvens, avistou-se nos céus uma segunda lua. O novo astro era vermelho e logo os poetas da corte cantaram-no como sendo o sangue de todos os amores.

 

Mas como os poetas quase nunca sabem a resposta real para as perguntas, Safar I ouviu a opinião de Hor, seu conselheiro e astrônomo, para quem a lua seria um novo sol que poria fim às noites.

 

As idéias de Hor causaram espanto no reino. Sim, pois caso as noites não mais existissem, como os homens repousariam? E o amor, a que horas se viveria o amor?.

 

Safar I editou um decreto, no qual dava boas vindas à nova lua, chamava-a de princesa dos céus e pedia-lhe que guardasse a quietude das noites.

 

O decreto foi lido na praça, em voz alta, pelo próprio rei. Aos poucos, a lua foi perdendo a cor, esmaecendo, até que, ao fim da leitura, desapareceu.

 

Os poetas choraram a perda. As damas que viam na lua nova a luz para suas ânsias de amor, também choraram. Mas o céu voltou a ser como antes, e as noites seguiram escuras e quietas.

 

 Nas crônicas do império, Safar I ficou conhecido como o salvador da noite. Para os poetas, como o rei que não compreendeu os mistérios do céu.