E FORAM INFELIZES PARA SEMPRE

- Olá meu amor! Tudo bem?

- Tudo, e você? Como foi o seu dia?

- Muito bem!

- Ana, temos que conversar!

- Pois, não. Aconteceu algo?

- Não... Quer dizer... Sim...

- Ou aconteceu ou não, você está me deixando nervosa.

- É que... É que...

- Desembucha... O que está acontecendo?

- Bem... É que... Eu quero me separar...

- Separar? Bem, eu concordo.

- Você concorda?

- Claro, já tem alguns dias que eu quero dizer-lhe isso.

- Verdade!?

- É...

- É que eu pensava...

- Olha ainda bem que entramos neste assunto, posso dizer o que eu acho?

- Claro!

- Olha eu acho que essa sociedade sua e do seu irmão não está dando nada certo. Você se mata de trabalhar e ele, nada, absolutamente não faz nada, fica tudo nas suas costas. Até que enfim você caiu na real e resolveu separar-se. Não é verdade?

- Ana, eu sinto muito, mas não é isso que eu quis dizer.

- O quê?

- Não é sociedade minha e do meu irmão que eu quero separar... É a nossa sociedade... Sinto muito.

- Eu não estou entendendo.

- Ana eu quero me separar de você.

- O que? Separar-se de mim. Você não pode.

- Como não... Acabou Ana... Eu sinto muito, mas, muito mesmo, infelizmente não dá mais. Eu vou embora.

- Não, você não pode fazer isso.

- Hoje... Vou embora hoje.

Ela começa a chorar.

- Você não pode fazer isso, você disse que me amava você não pode me deixar.

- Posso. E vou. Seria injusto de minha parte ficar com você. Eu não a amo mais. Eu gosto muito de você. Gosto tanto que não quero, de modo algum, te enganar. Por isso, eu estou tendo esta atitude com você, é o mínimo que posso fazer.

- Não... você não pode... Não pode me deixar... Eu te amo... Te amo...

Ela o agarra e o beija, mas seus beijos não são correspondidos. Ele está frio, e tenta desvencilhar-se dela. Então, nervosa, ela começa a bater-lhe no peito.

- Filho da mãe... Desgraçado... Eu te odeio... Eu te odeio...

Ele pega-a pelos braços e a leva para a cama, onde a deixa, deitada, chorando, então pega sua mala, e sai, vai embora.

Dias depois.

- Alô, é o Paulo... Sim Ana... Posso sim... Ta... Ta... Às oito... Combinado... Até mais...

Toca a campainha. Ana corre até a porta de entrada, está feliz, então abre a porta, Paulo chegou, está com um buquê de flores.

- Obrigado! São as minhas preferidas. Por favor, entre.

Ela pega o buquê. Paulo entra.

- Eu te convidei até a aqui para jantarmos e decidirmos o que fazer com essas coisas, afinal, tudo que tem dentro deste apartamento é nosso, não é verdade?

- Bem, é verdade, mas, eu não me importo, afinal eu que a deixei. Desculpe.

- Não tem problema... Vamos jantar?

- Pois não, estou morrendo de fome.

Logo após o jantar.

- Obrigado pelo jantar – Paulo está um pouco embriagado – estava maravilhoso, como sempre.

- Obrigada. Esse jantar eu fiz especialmente a você.

Ana chega bem próxima a Paulo, quase o beijando, seu corpo, toca levemente o dele.

- Eu te amo...

Paulo quebra o clima.

- Desculpe, mas tenho que ir.

- Está cedo, afinal, nem conversamos a respeito da separação.

Paulo esta desconcertado.

- Outro dia... Outro a dia a gente conversa.

- Mas...

- Até logo!

Paulo vira-se e se encaminha até a porta. Ana vai junto. Ana abre a porta.

- Então ta, então... diz Ana desconcertada.

- Outro dia a gente conversa... Obrigado pelo jantar.

- Não tem de quê!

Os dois novamente ficam frente a frente. Paulo vai dar um beijo no rosto de Ana, então, ela se vira fazendo com que Paulo beije a sua boca.

De repente ela o abraça fortemente, puxa-o para dentro do apartamento e fecha a porta. Paulo tenta se desvencilhar de Ana, mas desiste.

Na manhã seguinte.

Paulo e Ana estão deitados na cama. Paulo está com o semblante preocupado, Ana esta satisfeita, feliz.

- Desculpe por ontem à noite... -Diz Paulo, constrangido – A gente não devia...

- Não se preocupe, aconteceu, afinal, somos adultos. Além do mais esta não foi nossa primeira vez.

- É que... É que...

- Deixa pra lá.

- Eu preciso ir trabalhar.

- Eu também.

Dois meses se passaram e Paulo e Ana não mais se viram.

Até que.

No escritório de Paulo o telefone toca, ao atender ele percebe que é Ana.

- Olá Ana, tudo bem... Desculpe-me por não ter mais entrado em contato, é que eu estou trabalhando muito sabe, estou sem tempo.

Do outro lado da linha.

Ana está nervosa.

- Poupe-me de desculpas, Paulo, ambos sabemos o porquê de você não ter entrado em contato, não é verdade?

- Sabe Ana é que...

- Eu estou grávida.

- O que?

- Isso mesmo que você ouviu, eu estou grávida.

- E?

- E, que o filho é seu.

- Meu?

- Exatamente, você vai ser papai. Estou grávida de dois meses.

- Ana, sinto muito, mas, eu nem sei o que dizer, eu não esperava por isso. Pai, eu? Não acredito. Nem sei o que dizer, estou surpreso. Como foi, por que, me desculpe, mas faz alguns meses que gente não... Você sabe.

- Você se lembra daquele jantar...

- Você não tomava...

- A gente tinha se separado, eu não estava tomando mais, tinha parado, afinal, você sabe muito bem as reações que as pílulas me davam, ou você acha que eu vivo transando por aí?

- Não, não estou dizendo nada, desculpe se eu a ofendi, não tive intenção, é que, você sabe, eu...

- Então, naquele dia, nós dois, não preciso entrar em detalhes.

- Desculpe e que eu não sei o que te dizer, fui pego de surpresa.

- Diga que vai assumir seu filho, pelo menos.

- Mais isso é claro. Você pode contar comigo. Pai! Eu!

- E que vai casar-se comigo.

- Ana eu não posso, é que... Eu... Eu vou te ajudar no que for preciso, e mais um pouco, mas casar eu não posso, eu... Eu...

- Meu pai está vindo do interior, para conversar com você e adiantar todos os detalhes, ele estava furioso, mas eu disse a ele que você é um cara legal e não fugiria das responsabilidades. Afinal não fui só eu que fiz este filho... Não é verdade?

- Ana é que...

- Ele quer que a cerimônia seja realizada o quanto antes... Para que no dia do casamento a gravidez não esteja tão visível, afinal, meu pai é bem careta, você sabe. Ele quer que a filha case-se de branco, você acredita nisso? Eu disse a ele que a gente na precisa se casar, que a gente voltaria a morar juntos, mas ele não quer nem saber de ter uma filha amasiada, ele é de família conservadora, ele quer preto no branco, então fazer o quê? Dei a mão a palmatória.

- Mas eu estou...

- Eu sei que você esta feliz, eu também estou muito feliz.

- Eu estou namorando... Por isso não posso...

- Pode sim, diga para esta vagabunda que você já tem uma dona, e que você vai ser papai, vai ter um filho comigo...

- Ana eu não posso, eu gosto...

- Gosta de mim, ponto!

Ana desliga o telefone, Paulo fica do outro lado da linha segurando o fone, como se continuasse a falar com ela, esta assustado, não acredita no que ouviu.

Dias depois se casam em uma bela igreja do interior do estado, tudo como manda o figurino, muitos convidados, a noiva linda trajando um belíssimo vestido branco e... E... E foram infelizes para sempre.

MARC SOUZ

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 21/01/2008
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