BIRRA
Todos os dias, na casa do Paulinho, era a mesma agonia. O menino não queria tomar banho para ir à escola, chorava na hora de almoçar, esperneava para vestir o uniforme, não deixava a mãe pentear os seus cabelos e etc e tal.
O pai, acostumado com aquela birra, sempre brincava para acalmar a criança:
-Anda logo que a sua tia “Fudith” está te esperando no portão do colégio!
-O nome da minha tia não é assim, papai! É tia Judith!
No dia seguinte.
-Ih... Começou o chororô de novo! Filho pára com isso para a gente ir logo, escutar aquela lengalenga de sempre: boa tarde com calor, Paulinho! Boa tarde com chuva, Paulinho! Boa tarde com sol, Paulinho! Ah... Essa tia “Fudith”...
-Não fala assim da minha tia, viu, papai? Eu gosto muito dela!
Um belo dia, o menino se irritou tanto com as brincadeiras do genitor, que foi chorando até a escola.
Ao chegarem, a recepcionista, muito simpática, cumprimentou o garoto:
-Boa tarde, com lágrimas, Paulinho!
Como o guri não a respondeu, o pai interferiu:
-Filhão, tia Judith está falando com você.
-Não é assim que você fala lá em casa, papai!
-E como é que eu falo?
-Você fala tia “F-u-d-i-t-h”!