PRAIA DA COSTA
Chegamos ao nosso cantinho preferido e José pôs-se a ler o jornal. E eu, como sempre, peguei a caderneta e comecei a anotar o que ouvia ao derredor.
-Picolééééééée! Gente, este é o picolé mais gostoso e mais barato! Bronzeador, água “cigenada” e pururuca! Quem vai querer empadinha de frango e palmito? Fon-fon... . Acabou de chegar o chup-chup geladinho! Fon-fon... Papai e mamãe, comprem chup-chup para seu filho aguentar o sol quente!
-Posso pegar a latinha vazia, madame?
-Olha o chinelo, chapéu e bolsa! É o queijo! Queijinho assado na brasa! É de Mutum, Minas Gerais! Quer um, chefe?
-Depois. Henrique, daqui a pouco, traga-me uma cerveja no ponto, viu?
-Castanha de caju torrada. São dois copinhos por cinco Reais e ainda coloco meio copinho, de graça, para a senhora. Olha a água mineral, cerveja e “frigerante”! Novidade! Picolé e sorvete Garoto!
-Moço, na sua volta, eu quero um picolé, para experimentar.
-A senhora vai gostar. Está bombando!
-Queijo de Minas! Coalho, mussarela e mussarela com calabresa!
-Henrique, cadê a minha cerveja? Ô do queijo! Quero um bem assado e com orégano.
-Nossa, querido, a água está gelada, como sempre! Brrrrrrr...
-“Zelózio”. “Óquilos”. É “balato”. Canga! Estão passando as cangas, vestidos e saídas de praia! Espetinho de camarão e acarajé! Ó o biscoito “cocrante”! Biiiiiiiiscoooooito!
-Ju, depois que eu fizer meus exercícios, com o espaguete, quero uma água de coco.
-Henrique! Capricha num coco verde para a “dona” Ana!
-Algodão doooooooooce! Picolé especiaaaaaaaal!
-Paiê! Coca-cola! Quelo coca-cola, paiê! Quelo coca-cola, pôxa!
-Que lindo! É o senhor que faz esse trabalho com conchinhas?
-Sou, mas o povo daqui não dá valor.
-Os turistas dão, não é mesmo? Principalmente os meus conterrâneos, os mineiros.
-Por que aquela “vaca” não veio à praia, hein?
-Sei lá!
-Vocês me dão uma ajuda, pelo amor de Deus? Um trocadinho está bom.
-Alô! Gisele? Estamos aqui, ao lado da Escola de Vela.
-Henrique, vou querer mais uma cerveja, quando passar o queijinho assado.
-Ah... O coco estava uma delícia! Bebi a água e ainda comi a papinha dele. Obrigada, Henrique.
-Milho verde! Miiiiiiiiiilho! Olha os brincos e colares!
-Demoraram, hein! Estamos quase indo embora. Chegamos aqui muito cedo.
-Isadora e Melina, papai vai colocar as bóias em vocês. Esperem um pouco.
-Isa e Mel, que peninha! Hoje não vou brincar com vocês, meus amores.
-Mamãe, o Adriano vai vigiá-las na água.
-Colchas bonitas do nordeste! Quarenta Reais cada uma! É promoção!
-Muito caro.
-Trinta.
-Não. Muito obrigado.
-Faço por vinte.
-Levo duas.
A caminho do estacionamento, um caminhão preto estava manobrando e aproveitei para ler uma frase, na cabine:
-“Veículo vigiado por fofoqueiras. Sai zoião!”