O Telefonema
- Alô?!
- Alô!
- Alô?!
- Alô!
- Alô?!
- Você 'tá me ouvindo?
- Alô?!
- Você 'tá me ouvindo?
- 'tô.
- Alô?!
- Alô!
- Você 'tá me ouvindo?
- 'tô.
- Roberto, bom dia. Você poderá, até sexta, consertar a...
- Meu nome não é Roberto.
- Não?!
- Não.
- Mas você pode dar um recado para o Roberto?
- Que Roberto?!
- Com quem 'tô falando?
- Comigo.
- Quem é você?
- Com quem você quer falar?
- Qual é o seu nome?
- Qual é o seu?
- Com quem 'tô falando?
- Com quem você quer falar?
- Com o Roberto.
- Que Roberto?!
- O técnico, que conserta máquinas de lavar roupas.
- Não o conheço.
- Qual é o seu nome?
- Não conheço o Roberto.
- Esse telefone é de quem?
- Meu.
- Não era do Roberto?
- Não. Nunca foi. Sempre foi meu. Eu o comprei na loja.
- Esse número era do Roberto.
- Não era. Eu o contratei com a operadora.
- Você tem certeza que esse número sempre foi seu?
- Tenho. É claro que tenho certeza.
- Não é do Roberto, mesmo?
- Não. Não é dele, mesmo. É meu. Sempre foi meu.
- Você não conhece o Roberto, que conserta máquinas?
- Não. Não o conheço.
- Você conhece alguém que o conheça?
- Não. Não conheço. Não sei de quem se trata.
- Você não conserta máquinas de lavar roupas?
- Não. Não conserto.
- Você não é o Roberto?
- Não. Não sou o Roberto.
- Você trabalhava com ele, não trabalhava?
- Não. Nunca trabalhei com ele.
- Você não o conhece, mesmo?
- Não o conheço, mesmo.
- 'tá bem. Desculpa. Foi engano.
- Tudo bem. Acontece.