Uma noite salva
Enquanto tocava Djavan eu pensava. Fumava meu terceiro cigarro e a garrafa de Havana club estava abaixo da metade.
Eu pensava, sem clareza, que precisava cair fora. Dumir por um tempo, sei lá sumir por um tempo. Beber até cair e dair sem rumo até desamaiar. Numa noite quente dessas esse pensamento sempre vinha. Silencioso e cruel. Me pegava pelo fígado, como essa garrafa de rum, me espetava o coração até se alojar nos meus pensamentos e me fuder, assim sem vaselina. Direto o seco. Até quando eu me permitiria isso? E quando eu perdesse? Aceitaria a derrota pulando da ponte ou dispararia minha Beretta pelo meu ouvido esquerdo? Maldito calor! Malditas dúvidas! Maldi...?
Seu Geraldo bate o balcão bem na minha frente. Me olha sério enxugando o copo engordurado.
Fora!! Vamos fechar já!!!
Wesley Rezende