Mote de Filha...
..."Algo além da idade e dos laços de maternidade, flutuou entre nós duas. Meus vinte e poucos anos versus seus poucos dias, despertaram céticamente, minha ogiva maternal, e numa explosão de sentidos, os fios negros dos teus cabelos disparavam raios, formando uma áurea, que contornavam teu semblante angelical. Tua face neonatálica dependente, comprimia a minha, geneticamente comedida, contida no pré conceito paterno, extra-conjugal. Julgamentos, vomitavam idiossincrasias no cenário das minhas revoluções e faziam-me sentir fragilmente invadida, pelo teu corpinho minúsculo, morno, ao qual meu instinto desconhecido, abraçou sem qualquer reticência...(?) Braços desertores, auto didatas, rebeldes, que te aconchegaram rente ao peito, no gesto involuntário de abrigar às vistas, um sacrilégio inocente e despido. Desejo automático visceral, de reconhecer naquela face, algum traço de mim mesma ou de tantas outras coisas. Conspirava injustiças que senti prevaricar, quando ausentou-se do meu olhar, mortalmente o amor de tua mãe, e eu, o reconheci. Tua boquinha sedenta á procura do Oásis, esfregava-se incansável sobre meus áridos e desérticos mamilos, ainda em confusão. Ah...como desejei intimamente naquele desesperado instante, jorrar leite como um poço perfurado, do líquido vital que finalmente, me libertaria...Cerro os olhos, deixo que o calor dilate-se sobre a minha pele. Permito que teu corpo frágil e flagelado, penetre nos poros dos meus sentimentos e assim te absorvo, minha filha! Tu serás o mote, por onde sempre, continuarei!"...
12/11/05 - 14:37hs