GOIABEIRA

Houve um tempo de muita abundância no quintal de casa. Época boa, de bastante fruta. Um quintal verde e fresco, como quase não visto antes. Parecia até coisa de filme.

Mas tinha uma goiabeira, uma daquelas, tão carregada que parecia até uma mina de tesouro. Dava goiaba de se desperdiçar, madura e de monte, o ponto predileto pra depois da escola. Certo de ter alguma criança subindo ali.

"Vou pegar a amarela. É mais madura", gritava algum gaiato. Afinal, aquela cor amarelada significava um prêmio doce e suculento. "Que nada! Vai na de vez. A amarela tá bichada e não presta", respondia alguém na esperteza também. Já não sabe, criança gosta de competir.

Nesse vai e vem de comer goiaba o tempo ia embora. De tarde, na fresca do quintal, amontoado de crianças. Todo mundo de barriga cheia, de goiaba e de alegria. Com uma goiabeira daquela também, não tinha como.