O Encontro (Final Alternativo II)

Nota do autor: é altamente recomendável a leitura do primeiro texto para a compreensão deste final alternativo. Aqui não estará o texto na íntegra, senão apenas o novo final.

Ambos finalmente chegaram ao momento do registro de suas compras. Houve, entretanto, num daqueles átimos que mudam uma história inteira, enquanto ele colocava na sacola uma bandeja de filé de frango, a ocasião em que seus olhos encontraram-se. Ele sorriu-lhe; ela retribuiu o sorriso e abaixou a cabeça envergonhada. Mas logo em seguida tornou a olhar e ele ainda a observava com o mesmo sorriso. Ela não saberia dizer como isso aconteceu, porém uma lata de ervilhas em conserva caiu de sua mão e saiu rolando pelo piso, indo parar nos pés dele. Após haver se abaixado e tomado na mão a lata, ele caminhou alguns passos na direção dela que também lhe foi ao encontro.

— Obrigada! – mesmo um tanto encabulada, ela olhou nos olhos dele enquanto mantinha no rosto aquele mesmo sorriso de instantes atrás.

— Já te disseram que seu sorriso é ainda mais lindo quando enrubesce? – ele também a olhava diretamente nos olhos enquanto dizia isso e estendia a mão para devolver a lata.

— Não que eu me lembre! – ela simulou total descontração, porém tinha certeza de que seu rosto tinha a cor de um tomate muito maduro.

— Humm, não sei se acredito nisso! Mas, de todo modo, que fique então registrado em seu diário pessoal! – ele deu uma piscadela.

— Registrado! – ela devolveu a piscada.

Eles terminaram de embalar suas compras e fizeram o pagamento. Ela pagou em dinheiro; ele pagou com o cartão de débito depois de retardar o processo de embalagem pra coincidir com o momento em que ela deixaria o caixa. Ela deu uma olhadela e despediu-se com um sorriso. Ele gesticulou e foi em sua direção.

— Ah, faltou uma coisa importante! – disse.

— E o que seria? – ela abriu ainda mais o sorriso.

— Bem, não acha justo pôr o nome de quem "descobriu" seu sorriso no diário? – ele fez o sinal de aspas com as mãos ao dizer "descobriu".

— Hmmm… deixa eu ver se adivinho: aposto que acha justo também saber o nome daquela que supostamente tem um sorriso bonito! – ela pôs a mão no queixo e ergueu os sobrolhos.

— Acho justíssimo! E acho que seria ainda mais interessante se o nome viesse junto do número de telefone!

E então eles trocaram contato ali mesmo, a poucos metros de onde tudo havia começado. A conexão entre eles era algo quase visível, palpável. Ele a observou enquanto ela se dirigia ao estacionamento. De uma das filas, um rapaz sinalizou para ele com o sinal de "ok" e um sorriso no rosto.

Uma senhora, que vinha tagarelando o tempo todo na fila, e que prestara atenção a tudo o que passou, disse-lhe:

— Gostei da atitude, meu filho. Vocês formam um lindo casal!

"Uma coisa tão simples quanto o bater de asas de uma borboleta, pode causar um tornado do outro lado do mundo."

Edward Lorenz – Teoria do caos

Netokof
Enviado por Netokof em 23/10/2020
Reeditado em 23/10/2020
Código do texto: T7094200
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