fim

Basicamente minha vida começa com meu primeiro gosto de morte, é algo complicado, mas é onde começa tudo. Estava em uma festa na casa de um amigo estilo aquelas festas sexo, drogas e rock and roll, esse tipo de festa sempre foi comum pra mim. Jamais quis frequentar essas festas, mas era um modo de irritar meu pai.

Numas dessas festas odiosas conheci uma garota chamada Amanda, ela era diferente das outras pessoas, não se encontrou na sociedade então veio pra margem dela como todos nós que estávamos. Mas ela era muito culta pra está em um lugar onde boa parte já estava bem mais perto da morte que os outros “infelizmente sou o único daquela turma que não morreu ainda”. Sempre tive vontade de conversar com a Amanda, mas nunca tive coragem pra isso, então preferia ficar no canto da sala com minha cerveja.

Certa festa dessas meio irritado com meu pai, resolvi aumentar minha dose de fantasia acho que foi a pior e melhor coisa que aconteceu comigo. Eu via todos os brilhos dos carros a milhas de distancia, filosofava ideias já esquecidas, amava todos como se eles fossem partem do meu corpo, mas cair no chão da realidade junto com o vomito da sobriedade. E ciado no chão, tentava gritar meu desespero, mas ninguém me ouvia... Provavelmente estavam todos piores, e a cada minuto que eu puxava o folego, já vendo a bela dama trazendo seu beijo amargo da morte, era quase inevitável eu iria morrer. E nesses meus últimos minutos só vinha algo em minha mente, “Que merda de vida! vou morrer e nem vou conseguir rir no velório do meu pai.” E os minutos passavam cada vez mais devagar, eu já tinha tanto flertado com a morte que já era pra ter aceitado a chegada dela, mas meu corpo não queria aceitar, lutava como numa lutador de boxe, brigando rodada a rodada pra não ser nocauteado, mas já era o último assalto e o gongo já estava pra tocar, e ele tocou... E como um passe de magica eu vi aquela dama mortal se afastando dos meus lábios e uma luz chacoalhando meu corpo já imóvel, era a Amanda tentando reanimar meu corpo, ela me xingava tanto, nunca tinha ouvido ela falar palavrão, e nem estava prestando atenção oque ela falava, era a primeira vez que ela estava perto de mim, e era isso que importava. Ela me puxava como tivesse puxando um saco de farinha, me jogou dentro do carro como tivesse empurrando um bagulho sem menor valor, mas nada disso importava.

Depois disso não me lembro de mais nada, foi como aqueles minutos não tivesse existido. Quando dei de conta estava em um quarto de hospital, todo amarrado, com meus pais me olhando, a minha mãe chorava em completo desespero, meu pai soltava aquele olhar de desprezo, seus olhos sempre foram pra mim uma faca quente cortando minha alegria. O medico tinha falado que se demorasse mais alguns minutos eu teria passado pro outro lado, que foi milagre esta vivo. O meu pai como sempre, veio gritando, berrando suas regras hipócritas, que eu só dava vergonha pra eles, que quase matava minha mãe. A vontade de socar a cara dele era grande, mas eu estava amarrado. A minha mãe quase não conseguia conjugar uma frase por completo, só chorava e me beijava, e isso cortava mais o meu coração. Precisava de algo pra me apegar, se não essas palavras ia destruir minha sanidade. Eu queria era mesmo ver Amanda, agradecer, e confessar coisas trancados no meu coração.

Mas meu inferno estava só começando, por essas idiotices que eu estava fazendo fui mandado pra uma clinica de reabilitação, lá conheci meus maiores medos ou meus melhores desejos pornográficos, era meio complicado entender o carinho que tinham por mim lá. Acordava e já era empurrado de goela a baixo o monte de remédios, se era pra me livrar das drogas seria bom não me dar drogas, então eu ficava sentado em uma cadeira olhando pro nada, a baba caia da minha boca, mas força pra limpar não tinha, quando estava mais experto vinha outra levada de remédios na goela, e assim foi por meses...

Eu não suportava mais aquela sensação de ineficiência, até pra me limpar tinha que vim alguém pra me limpar, até se fosse uma daquelas enfermeiras dos filmes pornôs, não ia reclamar, mas sempre era um gordo fedido, que me jogava no canto como fosse tudo, menos ser humano.

Eu não suportava mais aquela situação! A morte seria uma boa solução, mas não daria esse gostinho pra nenhum filho da puta! Eu vou lutar, ainda tenho coisas pra resolver lá fora, essas coisas se chamava Amanda. E meus últimos meses até que foram divertidos, acordava colocava meus remédios embaixo da língua, depois amassava e cheirava, corria nu nos corredores, e coisas que não vem ao caso. Os meus carcereiros gostaram tanto que até me deram tratamento especial, era porrada de manha, porrada a tarde e porrada a noite, e até que isso me dava um tesão imenso! Eu estava na beira da loucura, a única coisa que não me fazia cair era Amanda. Eu já imaginava oque iria fazer quando sair! Eu entraria no primeiro bar, pegaria a primeira cerveja, acenderia um cigarro e correria pra casa dela. Lá iria desabafar, pedir desculpas pelo atraso, ai ela me daria um beijo doce, nossos corpos iam se entrelaçar na composição da melodia perfeita da vida. E nisso eu acordava excitado e batia uma, então já vinha mais porrada por ter sujado os lençóis, Acho que estava me tornando sadomasoquista, sempre fazia algo pra levar umas porradinhas. Sempre que dava eu escrevia algumas cartas pra fora, e sempre tentava escrever uma pra ela. Mas o medo e recobria tanto que não sai nada digno da perfeição dela. Quando estava perto da minha soltura daquele cativeiro, eu até que conseguir mandar um poema pra ela, e não tive nenhum tipo de resposta, fiquei muito puto! Aqueles filhos da puta não estavam enviando minha carta. Mas eu iria sair, e não tinha como eles empatarem isso, eu ia falar pessoalmente.

Chegou meu grande dia, eu estava saindo! Logo na saída estava minha mãe me esperando, de cabeça baixa, como se tivesse triste. Entramos dentro do carro, e aquele silencio barulhento forçava a me perguntar, onde estava o bosta do meu pai, e sua reação não mudava em nada, ela só falou “você vai ver” e seguiu o resto do caminho em silencio. Ela me levou no mesmo hospital onde eu estava, e lá ele estava! Entupido de fios no corpo, não se mexia, não gritava, só ficava deitado naquela cama de hospital. Aquilo foi a pior coisa! Eu estava na lona, mesmo como tantos xingamentos e socos, era meu pai e eu o amava como ele também me amava, quando mais precisei de mim eu não estava aqui!

Eu passei dias caído na cama novamente, não queria comer, beber ou fumar, só queria ficar estacionado no vazio do meu quarto. A Amanda já tinha esquecido, oque eu iria falar pra ela.

Eu estava na merda e não tinha solução, eu sabia que tinha que ser forte, agora era homem da casa e tinha que cuidar da minha mãe.

Passou alguns meses, e meus pensamentos voltaram a frequentar a Amanda, eu não estava preparado pra falar com ela, mas tinha que ir uma hora outra, então mesmo sem animação eu fui. Chegando à casa de Amanda a mãe dela veio me atender, ela perguntou oque eu queria falei que precisava falar com Amanda ela começou a chorar fiquei até confuso, nisso vem o pai da dela me xingando - você é louco seu bostinha, saber tudo que aconteceu aqui e vim dizer que veio falar com a Amanda? ta gozando com a nossa cara ?

Fiquei foi até assustado que caralho aconteceu ali, então ele me falou a Amanda teve um câncer no estomago e acabou morrendo por isso, isso foi a uns meses atrás. Eu não tive reação nenhuma, eu estava no fundo do poço novamente. Só acendi um cigarro e sair andando.

Luis Alladin
Enviado por Luis Alladin em 20/03/2020
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