Maria e a casinha

ERA cozinheira na casa de um casal de executivos da classe média alta. Ua cozinheira de mão cheia, competente, educada, delicada e honestíssima. E muito alegre e feliz. Mesmo morando no morro na arte de risco, não se queixava.Era evangélica e achava que estava protegida. Os donos da casa gostavam muito dele, embora sentissem que aquela mulher tão trabalhadora e gentil merecia uma vida melhor. Lamentavam ainda que ela desse uma parte do salário à igreja como forma de dízimo. Mas ela vibrava com isso, achava ser o seu dever. Não queriam contrariá-la, tinham que respeitar sua opção.

Um dia ela chegou mais alegre do que de costume. O dono da casa ficou curioso e perguntou:

- Maria, você nao joga então não ganhou na loteria, por que estã tão alegre?

Ela esclareceu:

´- Patrão, abençoado, estou muito alegre porque consegui comprar minha casinha.

O patrão também ficou alegre. Mas perguntou:

=Maria, você tirou empréstimo em banco? Espero que a casa seja fora da área de risco.

Ela novamente esclareceu:

- Não, abençoado, não fiz empréstimo e nem a casinha é aqui na terra. É no céu. O pastor da minha Igreja foi muito bom, vou pagar a casinha em 36 meses, metade do dízimo, vou ficar pagando um dízimo e meio e depois a casinha é minha, lá no céu. Como estou feliz.

O patrão ficou revoltado, mas sabia que não adiantaria tentar dizer que era vigarismo. Ela jamais acreditaria. Ficou só triiste. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/01/2020
Código do texto: T6846073
Classificação de conteúdo: seguro