X a r o p o s o

ERA conhecido como paciente, ouvia numa boa até conversa de bêbados. Também a de mentirosos.E de arengueiros. Mas não tinha saco e nem tolerância para suportar os monólogos tediosos (que monopolizam o papo) dos xaroposos. Quando avistava um, despistava, até mudava de calçada, se escondia,evitava... Quando acontecia de estar num lugar e pintava um xaroposo nesse pedaço, assim que o cara se sentava e começava a dar aula, e arrumava uma desculpa de ia embora,dava no pé.Mas, não raro, não dava desculpa nenhuma, levantava e pisava no barro, explicitando o motivo com esse gesto.

Achava o xaroposo um sujeito mais que maçante, chato e repulsivo. Achava-o u pretensioso metido a bambambã, uma mero babaca, um tremendo panaca, um desmancha prazeres, uma mosca na sopa. Um saberoto em compotas.Um chato de galochas.

Sentia aversão até dos xaroposos da escrita. Dos que bancam ser professorde Deus, donos da cultura, oráculos, sábios de marré-marré. Achava que faltava a esses pretensioso e bufões da corte de mentirinha, humildade e verve, humor, ser normal.Tem mais: detectara que o xaroposo nao sabia rir. Quando tentava virava riso de hiena.Não sabia rire nem escrever nada que contivesse humor.Só chateação e amostramento. Achava os xaroposos o fim da picada.Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/01/2020
Código do texto: T6843083
Classificação de conteúdo: seguro