QUEM MORRE SOU EU

Patrik alisa lentamente o corpo inerte de Susan, cobrindo-a cuidadosamente com o manto de renda bordado manualmente com pedras preciosas. Seus pensamentos voam longe e jaz junto ao corpo e num instante percebe que está só nesse momento único e só seu. Não consegue se imaginar longe dela. Sua vida perde o sentido. Seu olhar tão longe e vazio remete aos pequenos momentos, mas tão intensos que o fazem querer voltar atrás, se redimir de seus erros e o mais duro é justamente o fazer voltar o tempo. Ah! o verão passado o porquê gritei com ela e não lhe dei atenção em meio aos meus inúmeros compromissos muito mais importantes do que um pedido de socorro, o início de tudo. O início de uma doença avassaladora e injusta que tomou conta do seu ser. A minha insensibilidade a levou a esse estado lastimável e poderia ter sido de outra forma se não fosse esse meu amor ao dinheiro, aos bens materiais, ao meu status. Essa minha postura ridícula. Talvez você não estivesse aqui agora inerte neste lugar frio e sombrio onde o único ruído que se ouve é o som de minhas lágrimas caindo, o pulsar de meu coração acelerado e a minha respiração ofegante. Em meio a um grito desesperador me dou conta da culpa que levarei para o resto de minha vida. Vida que agora se resume a andar sem rumo, largada à prostração, a um estado vegetativo. Hoje quem morre sou eu!.

Rosemary Arruda
Enviado por Rosemary Arruda em 25/07/2019
Código do texto: T6704643
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