UMA ESPERA ANGUSTIANTE.
Januza andou de um lado a outro do apartamento 404, no bloco F do condomínio Flamboyant. Impaciente. Nervosa. A beira de um ataque de nervos. Olhou as horas no celular. -" Bateria fraca! Ainda estou pagando e já não segura carga! Porcaria! Meu. Cadê aquele traste? Me garantiram que estaria aqui em 25 minutos!?!? Incompetentes.... propaganda enganosa. Socorro, Procon!!!" Eram 20 horas de um sábado de inverno. Ela fizera hora extra e não estava disposta a pilotar o fogão. Pensou em ligar e cancelar. O estômago roncou. Foi até a cozinha e tomou água. Resistiu em abrir um pacote de batata Ruffles. -" Vou te devorar mais tarde, enquanto eu assisto a Casa de Papel, na Netflix!!!" Uma buzina de moto na rua. Ela correu até a sacada. Puxou a tela de proteção com força. Viu a madame, do apartamento vizinho ao seu, recebendo um pacote do porteiro. Tinha o inseparável chihuahua a tiracolo. O motoqueiro saiu a toda velocidade. -" Alarme falso!!!" Disse a si mesma. Januza jogou-se no sofá e ficou passeando pelos canais da tevê de 52 polegadas. Uma chuva fina começou. O sinal da tevê caiu. Ela montou a mesa só pra ela. Tudo em ordem. Uma autêntica e detalhista virginiana. Roeu as unhas. O sinal da tevê voltou. -" Deus, me dê paciência e não forças, senão o mato quando ele chegar!!!" Vociferou. Pegou o tricô. Pegou cinquenta reais na carteira. Pegou o celular e conferiu as mensagens no grupo da firma e da família. -" Idiota. Faz faculdade e escreve observei com cedilha!!! Burra!!!!" O interfone tocou. Levantou com destreza e atendeu. Era a voz de taquara rachada do porteiro Epaminondas. -" Boa noite, dona Januza! Encomenda pra senhora!!!" Ela sorriu. -"Grata, seu Epa. Vou descer!!!" Apanhou o dinheiro sobre o aparador. -" Chegou, graças a Deus!!! Aleluia!!!" Desceu as escadas, saltitando e cantarolando. Parecia outra pessoa. A portaria. O porteiro sorria. O sardento motoboy falou alto: -"Noite, dona...pizza disco grande, meia frango com catupiry, meio portuguesa e um guaraná Antártica. Tudo, quarenta e seis reais!!" O porteiro abriu o portão. Ela pagou o motoboy. -" O troco é seu! Muito obrigada!!!" O motoboy subiu na moto. -" Agradecido, dona. Boa noite!!!" Ela retornou ao apê, ou cafofo como chamava, deixando o cheiro de pizza quentinha pelas escadarias do prédio. Agora sim, o fim de semana começava de verdade pra ela. Chegava ao fim sua espera!!! FIM.