Manhã de janeiro
A brisa sorrateira entrou pela abertura da janela, sentiu a pele arrepiar-se e os pêlos dos braços eriçarem; era janeiro e uma chuva mansa fazia-se presente assim como o cheiro de terra molhada. Ao nascer do dia a chuva parou. Eram 10 horas quando o calor do sol fez-se presente no quarto. A claridade fazia doer os olhos. Ah, que preguiça! Não queria levantar. Esticou os braços para os lados num espreguiçar demorado; ele não estava lá. Os ruídos no andar debaixo no entanto entregaram-no. Ele está na cozinha, pensou.
Levantou-se por fim, foi ao banheiro e lavou o rosto com água gelada que espantou de vez a preguiça. Estava enfim acordada. Voltou para o quarto e vestiu a camisa dele. Desceu as escadas em passos leves, não queria que ele a notasse ali. Escorou-se na parede e sorriu ao sentir aquele cheiro; o cheiro de café coado na hora era um dos pequenos prazeres que faziam-na feliz. Cheiro de café e o cheiro do seu bem.
Foi até ele ainda em silêncio, abraçou-o por trás e ficou na ponta dos pés para que assim pudesse apoiar seu rosto nos ombros largos daquele homem que ela tanto admirava. Sorriu novamente e num sussurro rouco, com a voz ainda de preguiça disse:
– Bom dia, meu bem...