Sociedade Tóxica
Naquele dia ela acordou cedo
Vestiu-se com a sua melhor poesia
Saiu cantarolando seus versos prediletos
Ela sabia que não se encaixava nos padrões deturpados
Ela gostava de cumprimentar os desconhecidos na rua
O primeiro papo do dia era sempre com o porteiro do prédio
Ela gostava de conversar com o senhor que recolhia o material reciclável, o qual chamava carinhosamente de seu Zé
Ela gostava de abraçar e conversar com a zeladora do seu trabalho
Nas rodas de conversas, ela observava mais do que falava
Ela olhava nos olhos quando estava conversando com alguém
Ela gostava de debater utilizando a razão
Ela repudiava as brincadeiras de mau gosto que os colegas faziam com as minorias
Ela compartilhava os fatos e combatia as fakes
Ela gostava de encontrar os amigos no bar da esquina
Ela tinha uma alma livre, que aos poucos foi ficando contaminada com a toxicidade da sociedade
Nesse mesmo dia, ela retornou para a sua casa e despiu-se de toda a sujeira acumulada ao longo do dia. Deitou em sua cama e morreu, metaforicamente, mas querendo que fosse verdadeiro
Há de ser breve
Dá para ser diferente
De todos os caminhos possíveis, escolha o da liberdade