O SUMIÇO DE LULUKA
A manhã seguia tranquila em um posto policial de um bairro de classe média da cidade, até quando chegou uma mulher muito bonita, de vestidinho preto e em prantos. Os policiais tentaram acalmá-la.
“Não fique nervosa. Diga, o que aconteceu?”
A mulher segurou o choro e disse:
“Roubaram minha cadelinha!”
E começou a chorar novamente, apoiada no ombro de um soldado.
“Você estava com ela na rua?”
A mulher, chorando:
“Não, eu estava em casa. Fui à padaria e quando voltei encontrei o portão semiaberto. Entrei em casa e vi que ela havia sumido.”
“Você procurou direito?”
A mulher, limpando as lágrimas.
“É claro que procurei! Vasculhei a casa toda e não a achei.”
“Esse bairro é tão tranquilo! Nunca houve esse tipo de ocorrência por aqui.” Um policial.
“Pois é, mas agora aconteceu. Por favor, ajudem-me a encontrá-la, ela é como se fosse a minha filhinha.”
O outro policial consolava-a e falou:
“Vamos dar uma volta pelo bairro, quem sabe assim encontramos a sua cadelinha.”
“Mas o ladrão já deve estar bem longe!”
“Eu não creio que o animalzinho foi roubado.”
“Foi roubado, sim! O ladrão saiu tão rápido, que nem deu tempo de ele fechar o portão.”
Houve uma disputa para ver quem entrava na viatura com a mulher. O comandante ordenou:
“Soldado Telson, vá com ela e verifique se ocorreu de fato, o furto.”
Os outros policiais ficaram na porta do posto, admirando a mulher e olhando ela entrar na viatura.
“Como é a cadelinha?”
“Ela é uma Poodle, branquinha, fofinha e atende pelo nome de Luluka.”
O soldado saiu com a viatura, bem devagar.
“Você disse que o portão da sua casa estava semiaberto, não foi?”
A mulher olhava para todos os lados, na tentativa de encontrar o suposto ladrão de sua cadelinha.
“Sim, o portão estava semiaberto.”
O policial examinava a mulher dos pés a cabeça.
“Você não acha que alguém pode ter deixado o portão aberto e com isso a cadelinha aproveitou e fugiu?”
“Ai, mas quem pode ter deixado o portão aberto, seu guarda? Eu juro que o fechei quando saí.”
O policial examinou-a novamente.
“Pense bem, você pode ter se distraído.”
A mulher acomodou-se no banco do carro, pensativa.
“Pode ser que sim. Ai, seu guarda, eu fico muito nervosa quando acontece alguma coisa com a Luluka.”
“Sua cadelinha fugiu, pode ter certeza.”
“Se ela fugiu, deve estar por perto porque ela não tem o hábito de sair na rua.” A mulher.
A viatura circulava por todo o bairro. A mulher a cada instante perguntava a um transeunte ou em um estabelecimento comercial:
“Você não viu uma cadelinha Poodle, branquinha e fofinha passeando por aqui?”
Todos respondiam que não viram. A mulher voltou a chorar:
“Ela deve estar com sede, com vontade de brincar com o seu osso de plástico, deve estar sentindo minha falta... Vamos para outro lugar, seu guarda! Quem sabe ela passou perto de um parque e alguma criança a pegou?”
“Não precisa chorar, vamos dar mais uma volta por aí.”
Eles ficaram durante quase uma hora percorrendo ruas, praças, entrando em escolas, igrejas e não encontraram a cadelinha.
“Vamos até a sua casa, quem sabe ela deu um passeio na rua e retornou?” O soldado.
“Espero que sim.”
“Se não encontrá-la, espalhe cartazes ou divulgue na internet a foto dela. Não posso fazer mais nada.”
A mulher, triste:
“Ai, seu guarda, será que eu nunca mais verei a Luluka?”
“Ofereça uma recompensa para quem achá-la.”
Próximo à casa da mulher, estava um homem passeando calmamente com uma cadelinha.
A mulher gritou:
“Olha lá, é a Luluka!”
Ela saiu da viatura rapidamente, pegou a cadelinha no colo e começou a fazer carícias no animalzinho.
“Luluka, meu amor! Que bom que não aconteceu nada contigo!”
“Quem é esse homem?” Perguntou o soldado.
“É o meu namorado.”
Ela colocou a mão na cabeça.
“Nossa! Ai, seu guarda! Eu esqueci que quando meu namorado vem na minha casa, às vezes ele leva a Luluka para passear! De qualquer forma, obrigada pela ajuda, sim?”
O soldado agradeceu e resolveu comunicar com os outros policiais através do rádio. A mulher entrou em casa com a cadelinha e o namorado.
“Alô, aqui é o Soldado Telson.”
E aí, conseguiu encontrar a cadelinha da dondoca?
“Consegui. Há pessoas que gostam de fazer a gente de otário, mas até que desta vez valeu a pena.”