No lar de idosos...
Quando o passado é tudo o que uma pessoa recorda e se faz presente... A maioria em estágios avançados de Alzheimer parece estar em outra dimensão; o carinho dos que buscam um contato que seja, para que sintam a realidade e não fiquem distante do lado humano de ser, vejo crianças reaprendendo a brincar. As que estão em melhor condição de saúde, participam, cantando, dançando, colorindo desenhos com giz de cera, estabelecem conversas e contam belas histórias de sua infância, juventude e até uma fase da vida adulta. Algumas relatam a vida na fazenda dos pais, os cavalos a plantação de cana de açúcar, a plantação de milho e pratos deliciosos que a avó fazia, outras contam das festas que iam com as primas, uma chegou a relatar que se casara com um homem da farda, um militar; seus olhos brilhavam e abriu um belo sorriso, logo após pegando o batom e voltando a postura de que nada lembrava. Segurava a emoção, pois dava um aperto no peito.
O ambiente estava festivo com um forrozinho pé de serra, mesmo sem visão, outra senhorinha dançava arrastando a chinela como falamos aqui, e contava o quanto dançava nas festas de Campina Grande, sem saber que estava tão distante de casa.
Elegantes com os seus casaquinhos, colares de perola, cabelinhos arrumados, à tarde de domingo seguia. Uma senhorinha escolhia tons de giz para pintar os desenhos de borboletas e me perguntou se podia pintar as cores que escolhera, respondi que o jardim era dela e que ela poderia colorir a vontade. Caprichosa, sem sair do risco, coloria o desenho alegremente, uma canção de sua recordação começou a tocar, e ela se, pois a cantar... olha pro céu meu amor...e falava, que música linda! Eu estou apaixonada e sorria... E assim nossa equipe retornou para casa com um acalanto para alma.