TREM DE PITÁ
Seu Romão era um homem novo, um mulato forte,
Estatura alta, peito largo, passos avantajados e braços robustos.
Ele andava sempre com pressa e só se acalmava quando ia fazer seu pito (cigarro).
Quando ele ia trabalhar para papai,
Na hora do almoço e do café da tarde no roçado, Romão se ajeitava bem no pé da paineira para se alimenar.
Depois de encher o bucho, tirava do bolso um lenço encardido e dentro os “trem de pitá”.
Abria o lenço no chão, e espalhava a palha do milho já cortada no dia anterior, de um lado.
Mais para o canto do lenço, duas pedras de faíscas e um isqueiro com pavio abastecido com querosene.
Um canivete extremamente afiado e com cabo revestido de chifre de boi.
Do outro lado do pano um pedaço de fumo de rolo bem curtido e um pouco úmido.
Ele ia contando os seus causos, a maioria deles inventados, mascando fiapos de fumo no canto da boca e ao mesmo tempo ia manuseando o canivete e cortando em fatias bem finas o fumo para ser colocado dentro da palha.
Em seguida ia batendo uma pedra de faísca na outra até as faíscas atingirem o paninho embebido no querosene.
Cigarro de palha pronto era só sentir o sabor do fumo de rolo da melhor qualidade.
Quando alguém de nós ia para o roçado sem uma enxada na mão, papai logo dizia: - Uai, está indo pra roça sem os “trem de pitá”?
É isso aí’
Acácio Nunes