TREM DE PITÁ

Seu Romão era um homem novo, um mulato forte,

Estatura alta, peito largo, passos avantajados e braços robustos.

Ele andava sempre com pressa e só se acalmava quando ia fazer seu pito (cigarro).

Quando ele ia trabalhar para papai,

Na hora do almoço e do café da tarde no roçado, Romão se ajeitava bem no pé da paineira para se alimenar.

Depois de encher o bucho, tirava do bolso um lenço encardido e dentro os “trem de pitá”.

Abria o lenço no chão, e espalhava a palha do milho já cortada no dia anterior, de um lado.

Mais para o canto do lenço, duas pedras de faíscas e um isqueiro com pavio abastecido com querosene.

Um canivete extremamente afiado e com cabo revestido de chifre de boi.

Do outro lado do pano um pedaço de fumo de rolo bem curtido e um pouco úmido.

Ele ia contando os seus causos, a maioria deles inventados, mascando fiapos de fumo no canto da boca e ao mesmo tempo ia manuseando o canivete e cortando em fatias bem finas o fumo para ser colocado dentro da palha.

Em seguida ia batendo uma pedra de faísca na outra até as faíscas atingirem o paninho embebido no querosene.

Cigarro de palha pronto era só sentir o sabor do fumo de rolo da melhor qualidade.

Quando alguém de nós ia para o roçado sem uma enxada na mão, papai logo dizia: - Uai, está indo pra roça sem os “trem de pitá”?

É isso aí’

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 30/11/2017
Código do texto: T6186512
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