Minhas neuroses enquanto estiver com meus neurônios intactos
Já são 2 das manhã e ainda não dormi. Não sei, mas meus olhos se negam a fechar e minha mente, a se tranquilizar. Já deitei faz mais de 3 horas e eu ainda não consegui me concentrar em meu sono. Fecho os olhos e minha mente me leva a outro lugar. Rodo para um lado e para o outro da cama, atrás de me focar, mas é impossível. Minha mente também parece estar perdida. Só queria um alívio... Amanhã acordo cedo; 6 da manhã, eu já tenho que estar de pé para ir assistir uma aula inútil que em nada me servirá. Ouvirei o professor falar algo que eu não irei entender e talvez esse seja o pecado: não dar a mínima para o que os outros falam. Minha mente me prega peças enquanto estou tentando acalmá-la e por isso, eu não consigo dormir. Lembrando dos erros que cometi anos atrás, há sempre memórias ruins.
Carregando fardos insustentáveis e animando meu ego com pessoas inimagináveis, esse é o rumo em que minha vida se segue. Já levantei da cama, não quero mais dormir. Vou me sentar na beirada, talvez beba água ou café, ou eu apenas irei ficar por aqui. Na verdade, não preciso de nada disso. Preciso me levantar e ir escrever, expressar o que sinto e tentar saber o que me causa tanta euforia. Os sentimentos estão a flor da pele, mas estão tão calmos também. Meu coração segue desacelerado, acho que vou enfartar. Droga, era apenas uma sensação ruim!
Cansei de reclamar. Frente à um computador, digito até meus dedos começarem a doer. Com a mente cega e repleta de ideias, surgem as paranoias, as euforias e alforrias dos meus demônios. Todos saem e ficam juntos, graças a minha insônia. Eles me guiam e me ajudam a escrever os versos verídicos e trágicos que movem minha alma e minha vida. Eles seguem sendo meus maiores aliados e eu continuo amando o pecado como quem ama a vida, mas eu odeio a minha vida mesmo sem ter motivo. Eu odeio minha alma suja, minha mente bagunçada, meu ego podre e minha vida. Eu odeio ser quem eu sou. Eu me odeio!
Já falei de amores que tive, já falei de medos que nunca enfrentei, já falei das decepções que vivi e já falei muito de mim. Disseram que eu repetia demais, que eu só falava das dores, do medo de amar, da voz doce sussurrada que me desmoronou por dentro. Uns elogiaram meus versos clichês, outros cansaram de ver. Alguns me criticaram por eu estar sempre na mesmice e talvez seja o motivo da minha insônia ambulante e pertinente: dando ouvido para o que dizem. Ah, como eu sou hipócrita!
Meus dedos doem assim como meu peito. Eu já não sei mais como terminar algo que comecei. Eu não quero mais falar de mim, nem de ninguém. Só quero expressar o que o meu pseudo eu tem para dizer.
Deixe-me falar das dores, dos meus pseudos amores e das minhas confusões internas. Deixe-me ser subalterno aos meus demônios, pois são eles quem me elevam. Deixe-me ficar em silêncio quando todos gritarem, eu quero observar os atos dos fracos para que eu saiba o que fazer para impedi-los quando atacarem. Deixe-me ser sozinho, mas não me deixe sozinho, eu posso me afundar se eu não for acolhido. Deixe-me viajar pelas minhas neuroses enquanto estiver com meus neurônios intactos, pois sei que em breve irão acabar de tanto eu queimar. Deixe-me sonhar com os finais felizes de alguns dos meus versos, já que minha vida é infeliz, graças a mim. Deixe-me falar de quem eu quiser, apenas para ter o que contar a vocês, saber exatamente o que cada um fez. Deixe-me viver em paz e escrever sobres coisas que não tragam paz, eu preciso da guerra dentro de mim. Deixe-me ficar assim!
Já são 5 da manhã, eu não dormi. Minha mãe já desce as escadas para fazer orações, na esperança que alguém possa ouvir. Só eu posso te ouvir, mãe, só eu...
Encerro por aqui. Ainda tenho muito para falar, muito para explicar e muito para fantasiar. Ainda tenho versos nunca ditos que precisam ser expressos para que entendam os motivos. Desligando o computador, já que não posso desligar a vida. Ainda... – J. Santos