QUEIJOS CURADOS E QUEIJOS FRESQUINHOS

Uma toca de pano, um avental comprido, dois baldes grandes de vinte litros cada um, cheios de leite “in natura” no calor do velho e amável fogão de lenha com a mistura do coalho para a fabricação dos queijos.

Uma banqueta de uma tábua só, as pernas traseiras mais compridas do que as dianteiras para mamãe confeccionar os queijos. Dos lados da tábua um risco fundo feito a formão na madeira, começando do início mais alto e chegando num ponto comum em forma de triângulo meio aberto para o soro escorrer e cair em outro balde. Pois esse soro servia de alimento aos capados.

A estrutura da mesa onde se fazia os queijos era uns dois metros de comprimento, por meio metro de largura. Ali mamãe apertava a massa dentro das formas de alumínio, pois ainda não havia plástico e nem se imaginava que um dia haveria.

Quando a massa já estava cortada e pronta, mamãe ia enchendo as formas e apertando com força e jeito. Virava a forma de outro lado e continuava colocando massa fresca de leite coalhado e ia apertando, apertando, para não ficar com buraquinhos e sim uma massa compacta depois de prontos. Queijos de um quilo, de um quilo e meio, de meio quilo dependia dos tamanhos das formas. Depois de prontos, mamãe colocava sal por cima e deixava-os descansando.

Em seguida ia passar a caixeta, um produto que as árvores de caixeta produziam e que servia de grosa para tirar o limbo dos queijos feitos no dia anterior.

Assim iam passando os dias e na estante a cada dia, cinco a seis novos queijos iam chegando e os mais velhinhos iam mudando de cor, de branco iam amarelando. Os chamados queijos curados.

No sábado de manhã, fazendo sol ou chuva, calor ou frio, passava o queijeiro. Ele levava todos os queijos, amarelos e branquinhos. Pesava-os numa balança que ele mesmo trazia, conferia o total pesado e pagava mamãe. Tomava um bom café e ia embora. Os queijos iam solenemente dentro do cargueiro feito de taquara sobre o lombo de um cavalo alazão do rabo torto que o senhor Zezinho ia puxando. No domingo os queijos que tinham passado pelas mãos prendadas de mamãe chegavam às bancas do mercado municipal e tomavam rumos nas mesas da cidade.

Para nós não precisava guardar nenhum queijo, pois no dia seguinte já tinha novos e fresquinhos queijos mineiros de novo.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 25/05/2017
Reeditado em 25/05/2017
Código do texto: T6008821
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