Os Sinos da minha Aldeia
Para minha amiga Simone Lopes, que sempre tem um encanto de alma para compartilhar.
Há na minha aldeia um sino que tudo conta.
Quando criança gostava de ouvir seu cantar. Naqueles rincões de antigamente, era seu cantar que nos alertava sobre os acontecimentos importantes da nossa Aldeia. Hoje, o zap chega mais rápido, embora ele ainda berre suas cantilenas.
Em criança não tinha a compreensão de seus múltiplos dobrares. Havia a cantiga feliz do Ângelus, que, junto a tela do fim do dia, nos convidava a fé; o som vibrante dos nascimentos, acolhido em coro pelas mulheres.
– Louvado seja! Agradecendo as placentas rompidas em paz.
Sua cantiga, seu anúncio e a compreensão desses é uma arte da sabedoria e das vivências em comunhão que só o passar dos anos dão.
– Deus dê a conformação! Era a o pedido de tia Simone quando o dobrar era sombrio, pausado...
Minha Aldeia, seu sino e nossa gente são toda musicalidade e comunhão.
O sino e seu badalo guardam em suas entranhas, garganta, muitos dobrares: Um canto ‘pro’ nascimento, um vibrar pra união, uma pausa nas partidas.
Na minha Aldeia, a morte e a vida o badalo anuncia.
Nessa manhã ele dobra partida, mas sei que amanhã será o canto do amor que ele anunciará.
– Viva os noivos!
Daniela Bento