A FORÇA DO AMOR
A vida seguia seu curso.
A família unida e engajada.
Podia-se dizer que era regida pelo slogan: Um por todos e todos por um, desde os mais tenros anos.
Problemas sempre vencidos e vitórias conquistadas.
Quatro filhos, o que favorecia as brincadeiras, passeios, amizade, tarefas... e a interação de amor que era partilhado no sorriso e na gratidão.
Todos bons filhos, bons amigos, bons alunos, e os mais lindos do mundo no meu coração de mãe.
Uma bênção em nossas vidas!
Agora já cursavam a Universidade.
Nós, os pais, éramos a estampa do contentamento, do sorriso farto e da alegria.
O caçula ingressara aos dezessete anos de idade, no Curso de Direito da Universidade Federal. Os filhos, geralmente, tentam seguir a profissão dos pais.
A adolescência, transcorrera sem problemas, numa família onde o diálogo se fazia presente e a autoridade também. Acredito mesmo, que ela deve ser uma empresa, por isso carece de uma boa gerência em todos os sentidos.
Errados princípios, dificultosos fins, costumava dizer sempre a minha mãe.
As etapas devem ser queimadas ao seu tempo, sem atropelamentos.
A fiscalização cabe aos pais, na tarefa responsável de endereçar suas crias na senda do bem, estimulando a fé e a crença no porvir, através do estudo, da educaçao e do trabalho, sempre sob as forças do bem, do amor e da fraternidade.
Como nós, eles também serão pais um dia.
A história dessa caminhada significam livros escritos na memória da família, no vagar do tempo, para a posteridade.
Frederico, como o último da prole, perquiria seu lugar nos escaninhos do nosso afeto.
Certo dia, chegou em casa acompanhado por uma linda garota que, ao me ver, estampou um largo sorriso e me chamou de tia.
Foi amor à primeira vista.
A danadinha, embora ainda criança, conquistou o meu afeto.
Cursava o segundo grau do colégio.
Posteriormente a sua família viera morar no nosso prédio. Agora éramos vizinhos!
Dessa época, eu me lembro que se alargaram os horizontes da amizade, fazendo-nos amigos de verdade.
De vez em quando, a menininha de cabelos pretos, olhos brilhantes, ternura à flor da pele, chegava em visita à nossa casa.
O sorriso iluminava o rosto daquele ser, ainda tão criança. Era o verdor dos seus quatorze anos de idade.
Chegava depressinha, feito a abelha que viceja a flor. Logo se despedia, sob a alegação de tarefas escolares.
Nos meandros de mim eu pensava: que menininha que estuda!? Será que estuda mesmo? Tantas tarefas assim?
Vou investigar. Afinal, sou delegada _ pensei eu.
Dias depois, lá vem a mocinha! Era a namoradinha do meu filho e a pergunta era quase sempre a mesma.
_ Tia, o Fred está?
E logo vinham as despedidas, com a explicação de que tinha que estudar.
_ Por que você estuda tanto, além da frequência à Escola? - Arrisquei perguntar.
_ Sabe, tia, meu pai morreu quando eu era bem pequena.
Somos três irmãs!
Minha mãe trabalha muito e é ela quem nos paga a escola e tudo o mais que precisamos. É mesmo uma guerreira e eu sinto que tenho que ajudar de alguma forma.
Na minha Escola, quem consegue classificar-se em primeiro lugar entre os demais alunos, não paga a mensalidade.
E é isso que tenho feito. É o mínimo que posso fazer! É o jeito para demonstrar-lhe minha gratidão, minha participação. Emociona-me dizer-lhe ao final do mês:
_ Mãe, eu tirei primeiro lugar de novo!
Foi uma explicação tão linda, que me embargou a voz, marejando-me os olhos, numa admiração incontida por uma garotinha de 14 anos.
E a vida a passar... dias, meses, anos!
Agora, a mocinha terminava o colegial e, sem cursinho, fora aprovada no vestibular para o Curso de Direito da Universidade Federal.
Ao término do curso, vieram as muitas aprovações em concursos públicos.
Hoje, ela é uma Promotora de Justiça!
Invertendo o refrão de minha mãe, eu digo, sem medo de errar:
Princípios certeiros, finais felizes!
E o amor a gerir toda uma vida!
Ele é sempre a maior e a melhor de todas as opções!
É Deus dentro da gente!