VELHO SÃO FRANCISCO
Naquele domingo tudo ocorria como de costume. No Sertão tão árido de terras secas e vegetação rara, aquele rio era como um milagre. Os moradores ribeirinhos já estavam acostumados com os visitantes nos dias ensolarados dos finais de semana. Pais sertanejos traziam seus filhos e suas famílias para o banho sagrado. Aquela peregrinação era algo sagrado, pelo menos uma vez por ano ou na vida tinha que acontecer.
No interior da Bahia, próximo a cidade de Uauá, Joselito e Maria se preparavam para o tão sonhado passeio. Eles moravam há umas dez léguas da cidade. Em tempos de seca demorada, quando a vegetação morria e até os calangos fugiam eles tinham que ir caminhando até a matriz. Os jumentos eram poupados para o trabalho, e coitados, de tão magros que estavam talvez não aguentassem aquela jornada.
Joselito e Maria se conheciam desde a infância. Suas roças faziam divisa na cabeceira, antes do pé do morro. Quando a chuva chegava era de costume as famílias unirem as forças para a plantação, às vezes até cavavam açudes em mutirões. Era muita alegria e sempre ao meio dia não faltava o cozido. Foi assim então que eles se conheceram mais e começaram a namorar. Foram sete anos de namoro. Tinham o gosto e a aprovação das duas famílias. Justamente naquele ano eles completariam o primeiro ano de noivado.
- Mãe, o vigário já confirmou a missa? - Perguntou Maria logo ao acordar.
- Já minha filha. Vai ser missa com coral e tudo. Parece que até o Bispo vai rezar também. – Confirmou a mãe como um anjo anunciando boas aventuranças.
Era junho no sertão e os mandacarus começavam a dar as primeiras flores, sinalizando a chegada das chuvas. Todos se irmanavam na fé. A quinzena acontecia naquele mês, como preparação para a festa do padroeiro São Joao Batista. Em vinte quatro de junho acontecia a grande celebração e seria naquela data que eles iriam festejar o seu primeiro ano de noivado.
Uma semana antes da festa eles iriam fazer o seu grande passeio. Teriam que ir até a cidade na noite anterior e na manhã seguinte partiriam em excursão para Prainha. Iriam conhecer o rio São Francisco, este passeio fazia parte da comemoração. Tudo tinha sido sonhado e preparado nos últimos seis meses. Era muita ansiedade e imaginação. Como seria tanta água junta? E por que não secava? Vinha de onde e pra onde iria? Um mundo de sonhos acontecia na cabeça de Maria.
Agora, eles estavam ali diante do São Francisco. Inimaginável a quantidade de água. Ao longe parecia vidro. Vidro que se mexia, que fazia marolas e que se desfaziam na areia na beira do rio. Água um pouco escura de temperatura agradável. Era um convite ao banho e ao mergulho. Lá vai Joselito feliz, nadando, mergulhando e acenando para Maria. Ela feliz assistia a felicidade dele. Os acenos ficaram mais rápidos, o mergulho mais demorado. Maria já aflita da margem gritava. Joselito não mais acenava, nem aparecia. O rio aceitou Joselito. O Rio o levou! Pra Maria ficou o sorriso, a alegria e aceno final.
Incrível como esses eventos nos levam de volta ao contato com a nossa essência. Como parte da natureza, nada mais. Nem acima, nem abaixo. O rio não é mal, a correnteza não é vilã. O rio percorria o seu leito, de forma livre e forte. Cumpria o seu destino, cegamente, sem sentimentos. A suas águas deslizam sobre o seu leito, caçando o mar e levando pedras, troncos e corpos que cruzam o seu destino.
Qual o nosso destino? Qual o seu? Qual o meu? Descubra e siga-o. Como o rio, firme e forte. Somos partes desse universo natural e sempre seremos submetidos às suas leis. Não somos melhores ou piores. Siga o seu destino e construa o seu significado na existência.
Naquele domingo tudo ocorria como de costume. No Sertão tão árido de terras secas e vegetação rara, aquele rio era como um milagre. Os moradores ribeirinhos já estavam acostumados com os visitantes nos dias ensolarados dos finais de semana. Pais sertanejos traziam seus filhos e suas famílias para o banho sagrado. Aquela peregrinação era algo sagrado, pelo menos uma vez por ano ou na vida tinha que acontecer.
No interior da Bahia, próximo a cidade de Uauá, Joselito e Maria se preparavam para o tão sonhado passeio. Eles moravam há umas dez léguas da cidade. Em tempos de seca demorada, quando a vegetação morria e até os calangos fugiam eles tinham que ir caminhando até a matriz. Os jumentos eram poupados para o trabalho, e coitados, de tão magros que estavam talvez não aguentassem aquela jornada.
Joselito e Maria se conheciam desde a infância. Suas roças faziam divisa na cabeceira, antes do pé do morro. Quando a chuva chegava era de costume as famílias unirem as forças para a plantação, às vezes até cavavam açudes em mutirões. Era muita alegria e sempre ao meio dia não faltava o cozido. Foi assim então que eles se conheceram mais e começaram a namorar. Foram sete anos de namoro. Tinham o gosto e a aprovação das duas famílias. Justamente naquele ano eles completariam o primeiro ano de noivado.
- Mãe, o vigário já confirmou a missa? - Perguntou Maria logo ao acordar.
- Já minha filha. Vai ser missa com coral e tudo. Parece que até o Bispo vai rezar também. – Confirmou a mãe como um anjo anunciando boas aventuranças.
Era junho no sertão e os mandacarus começavam a dar as primeiras flores, sinalizando a chegada das chuvas. Todos se irmanavam na fé. A quinzena acontecia naquele mês, como preparação para a festa do padroeiro São Joao Batista. Em vinte quatro de junho acontecia a grande celebração e seria naquela data que eles iriam festejar o seu primeiro ano de noivado.
Uma semana antes da festa eles iriam fazer o seu grande passeio. Teriam que ir até a cidade na noite anterior e na manhã seguinte partiriam em excursão para Prainha. Iriam conhecer o rio São Francisco, este passeio fazia parte da comemoração. Tudo tinha sido sonhado e preparado nos últimos seis meses. Era muita ansiedade e imaginação. Como seria tanta água junta? E por que não secava? Vinha de onde e pra onde iria? Um mundo de sonhos acontecia na cabeça de Maria.
Agora, eles estavam ali diante do São Francisco. Inimaginável a quantidade de água. Ao longe parecia vidro. Vidro que se mexia, que fazia marolas e que se desfaziam na areia na beira do rio. Água um pouco escura de temperatura agradável. Era um convite ao banho e ao mergulho. Lá vai Joselito feliz, nadando, mergulhando e acenando para Maria. Ela feliz assistia a felicidade dele. Os acenos ficaram mais rápidos, o mergulho mais demorado. Maria já aflita da margem gritava. Joselito não mais acenava, nem aparecia. O rio aceitou Joselito. O Rio o levou! Pra Maria ficou o sorriso, a alegria e aceno final.
Incrível como esses eventos nos levam de volta ao contato com a nossa essência. Como parte da natureza, nada mais. Nem acima, nem abaixo. O rio não é mal, a correnteza não é vilã. O rio percorria o seu leito, de forma livre e forte. Cumpria o seu destino, cegamente, sem sentimentos. A suas águas deslizam sobre o seu leito, caçando o mar e levando pedras, troncos e corpos que cruzam o seu destino.
Qual o nosso destino? Qual o seu? Qual o meu? Descubra e siga-o. Como o rio, firme e forte. Somos partes desse universo natural e sempre seremos submetidos às suas leis. Não somos melhores ou piores. Siga o seu destino e construa o seu significado na existência.