Depressão

Tic-tac, tic-tac...

Dela, não sei por onde começar a contar.

Se tivesse uma cor, seria o mais profundo dos pretos, pois ela é a ausência total de luz e esperança. Ela chega de mansinho e se deita do meu lado, ou melhor, em cima de mim, com um peso tão grande e uma força tão absurda que me impossibilita de levantar da cama.

Ela sussurra em meus pensamentos coisas horríveis, e quando já não a ouço mais, sei que tudo vai piorar. É nessa hora que seu silêncio devastador toma conta de meu corpo, transformando tudo em um imenso vazio. Um vazio de idéias, de sentimentos, de momentos, de pessoas. Um vazio de mim e dos meus gostos, das pessoas e de minha existência. Um vazio da vida.

Ela me deixa um vazio tão grande, que até a mais bela canção me é indiferente. Um vazio tão grande que tudo e todos ao meu redor se resumem a meros objetos sem sentido, sem valor. Um vazio tão grande que quando me dou conta, eu sou algo sem sentido e sem valor.

Nessas horas é que me questiono: qual o sentido de existir, se não for viver? Eu existo e apenas existo junto à ela. Eu existo, mas não vivo há um bom tempo devido à ela. Eu existo, mas não insisto junto à ela. E é por isso que eu existo, mas penso sempre que não preciso existir, devido à ela.