Gentileza Urbana
O trânsito estava caótico naquela manhã. A chuva, destemperada, caia com intensidade, a ponto de causar pequenas feridas no asfalto. A impaciência quebrava qualquer tento de tranquilidade que ousava trazer paz naquele dia indigesto.
Dentro do ônibus, os usuários não tinham ânimo para comentários otimistas. Nos olhares tensos e nervosos, podia-se ler com nitidez os discursos insensíveis.
Em meio a todo aquele panorama desfavorável, um jovem, humilde e de coração puro, apresentou seus valores. Cavaleiro, olhou para a dama ao seu lado e educadamente, dirigiu-lhe uma saudação:
- Bom dia!
- Não vejo nada de bom! - respondeu ela, ríspida, e continuou – Tem mais de uma hora que estamos parados neste engarrafamento invencível. Você me vem com bom dia? O que tem de bom dia?
Ele persistiu:
- Bom dia! Olha, sei que está difícil. E ainda estamos em pé. Bom, ofereço para segurar sua bolsa. Uma princesa merece descansar os braços. Você permite?
Após as falas do jovem, ela baixou a cabeça, envergonhada. Refletiu por alguns segundos. Reconheceu ter sido rude. Deixou-se levar pelas armadilhas do estresse e seus derivados. Logo ela se recompôs. Distendeu os lábios com carinho e sinceridade. Agradeceu-o:
- Me desculpe! Não precisa. Minha bolsa está bem leve. - respondeu com a alegria estampada na face e continuou: - Agradeço pela gentileza e solidariedade. Você é muito especial.
Ele deixou o contentamento florescer em teus lábios e avisou-a:
- Tudo bem, mas o teu doce sorriso vou guardar pra sempre em meus pensamentos.
Ela, acanhada e feliz, aproveitou para reconciliar a indelicadeza e falta de educação no início do diálogo. Avisou-o:
- Tudo bem. Mas quero que guarde também o meu abraço. Você permite?
Abraçaram! Aquela cena calorosa mudou o semblante dos usuários dentro do ônibus. Os dois jovens, através de uma simples conversa, fizeram nascer a gentileza e solidariedade. Mudaram o cenário. Trouxeram reflexão e esperança. Tudo pode ser transformado!