Lia e Furquia
Furquia era só na linguagem de Lia. Na fábrica de tecidos e acontecidos, ele era o Jair e tivera um começo mais sereno, mais ameno, tanto é que ainda jovem, já tá no lugar do antigo gerente Sinhô.
E mandão feito ele só. Implicou com Lia, e sua rebeldia, e aquela peleja era de quase todo santo dia, uma ingrizia. Menos no domingo, que era de festas e guarda, em que se rezava, se contristava e se comungava, e tudo se serenava.
O dia do "balão" então, foi o auge daquela irritação. O balão era a suspensão não só do dia do trabalho, mas também da remuneração do final de semana. A causa poderia bem ter sido cinco minutos de atraso ao marcar o ponto no cartão, ou uma resposta que não agradasse ao patrão.
E Lia não se cabia de irritação, achando tudo a mais gratuita e perversa provocação. Gritou, esperneou, praga rogou e de Furquia, o magrelo Jair em público batizou. E a paz pra ela ainda não chegou. Já ele, quem sabe na bebida, tudo olvidou?