O Cuié

Cuié. Era assim, combinando a pronunciação com muié, tal era o Cuié. Antônio de pia, mas quem assim o chamaria? Tinha uma posição destacada no operariado do fábrica de tecidos, da qual era vizinho.

Amante do futebol, dera dois filhos para as hostes do CAP, o Clube Atlético Pitanguiense, o goleiro Danilo e o artilheiro Carlos. Uma garantia de que a linhagem esportiva dos Cuié não pereceria.

Cuié contudo virava Seu Antônio, quando, longilíneo e já bem calvo, envergava o terno de linho bem alvo e acertava no alvo, a testemunhar os casamentos como faz todo juiz de paz. Ficava solene e fazia votos da união perene. Mesmo se o marido viesse a frequentar a casa de Irene.

Uma ou outra investida na vida política não o elevaram acima do patamar de cabo eleitoral. A conquista da edilidade andava acima de sua probidade. Quem sabe na eternidade, pra onde embarcou em perfeito alinho, em seu terno de linho?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 18/08/2015
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