Não era bento?
Bento. Era esse o seu nome, e pouco mais dele se sabia. O local de vê-lo era na igreja matriz, onde regularmente aparecia, rezava, comungava, e logo, ao fim da missa, se ia,desaparecia. Era alto, espigado, devia andar na casa dos sessenta, e até um tanto encumbucado, pois uma altura daquelas com pouco não se agüenta, dobra-se pro lado onde venta.
Rosto já vincado de rugas, pele avermelhada e aquele nariz da ponta bem afilada. Cabelos grisalhos, abundantes, penteados para trás, que na rebeldia, algum facão é que faz. Os óculos lhe asseguravam a um tanto de privacidade e a proteção dos olhos de observadores mais intrusivos, e quiçá lhe melhoravam a percepção do que parecia ser ver à frente, aos lados, só raramente.
Terno escuroo era seu traje favorito, daqueles riscas-de-giz, ou então amarronzados, sempre bem passados, ainda que já um tanto surrados. Sapatos longos, negros, davam-lhe certo ar grã-fino. Que fazia na vida, se não era funcionário público ou professor? Costurava para senhoras, oras