Entre os esplendores perpétuos
Quando circulou a notícia da morte do Jaime, tristeza e comoção abateram-se sobre toda a cidade com a rapidez dum corisco. Um moço de 18 anos, atropelado na capital e, com poucas horas mais, seu corpo estaria sendo retornado para as últimas homenagens.
Perda das mais sentidas e enterro dos mais concorridos. Sua campa, logo à entrada do campo santo, cercado daqueles muros ciclópicos, bem estruturada e preservada, por anos e anos, foi das mais visitadas. Amigos, colegas, admiradores e até gente que o não conhecia por ali passou para deixar um ramalhete de flor, uma prece ou um trejeito de solidária dor.
Como podia, um moço tão benquisto, alegre, alerta e saudável, ir-se deste mundo daquela maneira tão prematura, tão sinistra, tão cruel? Embora criados na mesma povoação e, depois, mudados para uma mesma cidade, mas com uns dez anos a nos separar, não consigo me lembrar do rosto do Jaime.
Devia ter o semblante análogo ao de seus irmãos e primos, que eram muitos, buliçosos e cheios de vida. E que se multiplicaram em muitas novas famílias, novos galhos dessa prodigiosa e frutífera árvore genealógica dos Chaves.
Mas por quê tão cedo a poda do Jaime? Merecia o paraiso mais cedo?