A AMBULANTE

-Fatinha, aquela amiga sua, que trabalha no banco, é boa para comprar e ótima para pagar, não é mesmo?

-É verdade. Ela é uma compradora compulsiva.

-Pois é... Estou precisando tanto vender as minhas roupas de criança!

-Pat, os filhos dela andam nos trinques. Vou te lavar lá e, com certeza, você vai vender bastante.

No dia seguinte.

-Olá! Viemos te mostrar umas coisinhas lindas, que a minha irmã está vendendo.

-Que bom! Entrem e fiquem à vontade. Este é o meu pai, que chegou do interior.

A mulher, muito simpática, pegou as roupas, cada uma mais bonita do que a outra, e distribuiu-as para as crianças provarem.

-Esta bermuda ficou bem em mim, mamãe?

-Não! Está horrível! Tire isso, menino! Tire já!

-Mamãe, este vestidinho está bonito?

-Deus me livre e guarde! Está horrível! Arranque isso do corpo, menina!

-O que você acha, mãe?

-Eu acho...

-Você não acha nada, minha filha! Está horrível!

-Paínho, meu rei, o senhor pode deixar por minha conta. Eu ajudo as crianças a escolherem as roupas, viu?

-Mãe, que tal esta jaqueta toda colorida?

-Horrível! Tire isso, menino! Você está parecendo um palhaço!

Depois de duas horas nessa lufa-lufa, as irmãs voltaram para casa com as bolsas cheias e os bolsos vazios.