FORTE PRESENÇA DO PAI
M e recordo de como ele se prontificou para nos acompanhar na longa jornada da vida.
Saiu com meu irmão “Jaça”para um estado novo e distante , em busca de terras para garantir segurança e propriedade à família.
Fomos visitá-lo com mamãe. Família grande a nossa! Naquele lugar não havia veículos automotivos. Caminhávamos.
Muito mato, árvores altas e médias, arbustos, gramas...Muito morro. Terreno íngreme e sombrio. Ambiente cinza a nossos olhos.
Após longos quilômetros de caminhada, eu com meus quatro irmãos: Lau, Vera, Mário e Moa paramos para descansar e esperar os outros: João, Paulo e depois mais atrás Papai e Mamãe.
Paramos embaixo de uma árvore. Avistamos que abaixo, no morro havia três homens agachados,também descansando. Um deles veio em nossa direção, subindo o morro. Os outros dois fizeram um sinal para mim que me deixou atenta. Eram homens altos, magros, loiros e olhos e bem azuis. O homem veio em direção de minha irmã Vera. Suspeitei da manobra rápida dele. Gritei aos que o acompanhavam. “Tirem ele daqui. Parece perigoso.”
Os dois homens vieram rapidamente ao meu chamado. Cercando o suspeito. Ele fez modo de reagir aos dois. Quando, porém seus olhos se levantaram e viram a presença dos meus pais que se aproximavam, ele abaixou os olhos e recuou. Os três se lançaram morro abaixo, indo em direção ao outro morro do lado direito do nosso. Foi um alívio! Dali uns cinco minutos, o sujeito lançou uma pedra que caiu a nossos pés. Ela tinha o tamanho e a forma de um pão francês. Ouvimos a voz de um deles:” A única mulher que deu ouvidos a ele, foi morta por ele.”Que medo!
Tivemos depois que atravessar uma grande área alagada. Água preta e assustadora. Com uma vara Mário verificou a profundeza. Era raza. Dentro dela era possível ver nossos pés e as pedrinhas que compunham o fundo. Já deixava de ser assustadora. Atravessamos.
Papai disse: “ Aqui deixo vocês. Já estão em segurança. Eu volto sozinho pro meu barraco” . Abraçamos e beijamos nosso pai. Falamos a ele do nosso amor e do nosso orgulho de tê-lo como nosso pai.
Quando me lembrei da jornada que ele iria fazer sozinho, senti um calafrio e uma enorme solidão. Logo , no lugar daquele cenário de águas, folhas, árvores, gente e despedida, surgiu um novo cenário, e do céu caiam flocos de neve. Acordei preocupada. Papai? Despedida? Ele estava adoentado e idoso.
Fomos ao encontro dele e tivemos um domingo feliz em família.