Terra de Chopin
Após duas chefias de missão no Caribe, o desejo flamejante de Ermindo - e muito justificado, por sinal - era para coisas maiores. Afinal, havia servido a diplomacia nacional em postos remotos e atribulados, muitas vezes com o sacrifício individual, do conforto familiar, da própria carrière, mas tudo em nome da Pátria.
E a hora, era pois, da recompensa. Aqueles céus e mares anis caribenhos muito bem ficavam num filme hollywoodiano, num passeio de férias, num livro de poemas mas, ali mourejar anos a fio sem poder celebrar uma visita de Chefe de Estado, ministerial, ou mesmo política que lhe permitisse fulgurar em meio às honras diplomáticas, tinha a dureza de um exílio, do abandono.
E a alta administração da Casa estava perfeitamente ciente dessa situação - e da necessidade da justa recompensa. Além do mais, ao ver se avizinhar a idade da aposentadoria, nada mais justo de que um arremate dourado na carreira. Dona Mara, sua fiel, elegante e articulada companheira de muitos anos de travessia, ciente de que seu nome andava forte nas cogitações para representar o país em Pequim, chegara a confiar às amigas mais íntimas delícias que estavam por vir: - Agora, finalmente, o Ermindo vai pegar uma potência. Das grandes!
E embora mais não dissesse, o ti-ti-ti, como cresce! Ao frigir dos ovos, deu Varsóvia. Potência média, gente pacóvia!