Folia, direis...
Já ouviu, ou viu, o tirar reis? E era passado o tempo das diligências, mas hoje situa-se num passado também remoto, que muita gente busca resgatar para o folclore nosso ilustrar. E era a era em que, com todas as inocências, eu dormia com as galinhas e nem serenata pra mim tinha.
Súbito, foi aquele alvoroço que me fez pular da cama patente, e desgovernado, correr justo pro meio daquela gente. Uma algazarra faziam com a cantoria na sala de minha casa, que lhes custou notar meu choro convulsivo. E era uma floresta de pernas com que eu me digladiava, que parecia, o demo é que me guiava.
Aí, alguém finalmente interveio, e botado papai no meio, o pranto ficou menos feio. Só soluçava então. E foi quando virei da festança a atração: todo mundo parecia querer me agradar.
Um dos dançantes, de varinha com guizo, fez-me quase perder o juízo:
assegurou-me que em minha homenagem iria dançar na ponta da vara.
Eu não acreditei, mas testemunhei, e o vi, pousada a vara no chão, em sua ponta, fazer sua exibição. Mas não ri não.
O que guardo, é o ritmo lúgubre da cantoria, infinda que em meus ouvidos zune ainda. E é linda.