PAZ, MISERICÓRDIA E PERDÃO: INQUIETUDES DO COTIDIANO

Jesus Cristo, segundo o Evangelho de João, no capítulo 20, versículos 19 e 21, ao se dirigir aos Discípulos após ressuscitar, as primeiras palavras ditas por Ele foram: - ”A paz esteja convosco!”

Passados mais de 2.000 anos pelo calendário Cristão, essas palavras soam como um chamamento às nossas mentes, ao nosso existir, ao nosso conturbado e proceder mundano, de que precisamos ouvi-las atentamente, calmamente, com esperança e atitude vigorosas e que abramos nosso coração ao diálogo, à caridade, ao respeito à dignidade humana, essa frase até hoje carece de ouvidos ávidos e de interpretação correta dos mistérios e desígnios de Deus.

E nós? Personagens dessa minha estória de vida narrada nos bastidores turbulentos da alma e da psique humana, onde vivemos: uma verdadeira guerra, composta de terríveis batalhas e de infinitos conflitos; uma odisseia na busca da satisfação premente de egos, de alimento material; uma depauperação de espírito; um apogeu de “eus”, o Eu do egoísmo; do orgulho destruidor do Nós; do distanciamento do Ser Espiritual Maior – Deus; do vangloriar perene de nossos atos, desvanecendo eternamente o sentido terreno da existência humana.

Quando buscamos definições e conceitos para os três ingredientes tão caros e espirituosos do nosso título, encontramos:

Paz – s.f. calma; estado de calmaria, de harmonia, de concórdia e de tranquilidade. Sossego; em que há silêncio e descanso; falta de problemas ou de violência; relação tranquila entre pessoas...;

Misericórdia - s.f. Sentimento de pesar ou de caridade despertado pela infelicidade de outrem; piedade, compaixão. Ação real demonstrada pelo sentimento de misericórdia; perdão concedido unicamente por bondade; graça ...;

Perdão - s.m. Religião. Remissão dos pecados. Ação de se livrar de uma culpa, de uma ofensa, de uma dívida; indulto. Ação através da qual uma pessoa está dispensada do cumprimento de um dever ou de uma obrigação...(fonte: http://www.dicio.com.br/)

Diametralmente olhando as palavras dos três significados nos deleitamos com quanta coisa tranquilizante, suave, que nos proporciona uma viagem ao infinito do prazer espiritual, tão inversamente ao dia a dia. Vimos palavras como: calma; harmonia; concórdia; sossego; caridade; compaixão; bondade; remissão dos pecados, nossa..., uma primazia existencial só em imaginar que tudo isso existe e nós não somos capazes de entender e compreender tão belas mensagens.

E Deus, na sua Magnitude divina e espiritual, nos inquire de forma direta:

- Por que não temos Paz? Por que não praticamos o perdão e nem a misericórdia?

Longe do sentimento da presunção, de assumir a responsabilidade direta de tão complexas respostas e usando do prazer maior de praticar a humildade, respondo também de forma direta: porque nos falta a plenitude; nos falta a atitude do pleno, do completo, do isento, no sentido de nos libertarmos de todos os defeitos que orbitam a nossa existência, que nos abjuguemos das prisões tenebrosas da psique, caracterizadas principalmente pelo calabouço da soberba, dos conflitos aflitos e perturbadores da alma.

Nós, habitantes persuadidos pela falsa tranquilidade, pela intrigante sensação de amor ao próximo, patrocinado pelo desamor do todo, vivemos plena presunção, uma união onde a intersecção dos elementos do conjunto se constitui disjunta, pra variar, só comum: o desejo sublime da inquietude da psique no sentido do eu motor e propulsor dos ditames corriqueiros e usuais do ego protetor do domínio.

E o que falar: do desamor; da discórdia cotidiana; da falta de diálogo tagarela do dia a dia das famílias mudas pela rotina: do trabalho; do estudo; da desesperança; do sentido desfigurado da moral, da ética, do respeito; da retidão de nossos governantes que: corrompem e são corrompidos; que ludibriam e são ludibriados pela fraqueza do seu acreditar capenga, mas ao mesmo tempo desvirtuam e desacreditam toda crença e respeito ao coerente, ao reto, ao digno e ao construtor de benignidades.

- A PAZ ESTEJA CONVOSCO! Uma frase misteriosa, carregada de dúvidas, que na realidade se confunde com certezas ululantes, cristalinas, que fielmente traduz as agruras e lamentos corriqueiros que lamentavelmente nos provoca as mais tristes e evidentes catástrofes do nosso existir. Efetivamente esperemos que o CONVOSCO seja substituído pelo CONOSCO, e é pra estar CONOSCO o sentido da paz, da misericórdia, do perdão.

Efusivamente, ao concluir esse conto, rogo a Deus, que nos abençoe; compadeça-nos de amor no sentido da dignidade humana, não ao próximo, estipulando uma razão convincente: ao próximo, o perigo da injustiça aumenta motivado pela promiscuidade cotidiana; no sentido da dignidade humana, o risco é bem menor, pois elegemos como meta tão somente, a felicidade da humanidade.

Invocando a genialidade do filósofo e pensador PLATÃO, cito a belíssima frase: “O que o homem pode fazer de melhor para a sua felicidade é pôr-se em harmonia constante com Deus por meio de súplicas e orações”. Acreditando que somente dessa forma conseguiremos minimizar e talvez eliminar as nossas inquietudes, viajando, pois, na direção de um mundo melhor, mais fraterno, justo, em que as pessoas e criaturas realmente pratiquem e usufruam de uma paz perene; onde o vizinho olhe para você e lhe deseje tudo de bom; onde seu irmão tenha em você o espelho de afeto, de respeito e nunca de inveja, de apologia à falta de competência; enfim que Deus nos cubra com o seu Manto Sagrado de PAZ PARA CONOSCO, de muita MISERICÓRDIA e PERDÃO.