Terra prometida?
Enquanto o vestibular não chegava, a falta dum trabalho, pra ganhar uns cobres, é que ao Juca mais impacientava. Havia os concursos públicos, da Marinha Mercante, dos Correios pela frente. Mas isso era coisa de meses, incerta e, na certa, e uma colocaçãozinha numa repartição qualquer não lhe faria mal.
E justamente esta, ao menos, foi a esperança que lhe deu aquele moço
que de repente na sua vida, feito a margarida, apareceu e, seguro estou, não se despetalou. O moço era o Israel, falante como um cantador de feira, que se dizia vindo da boa cepa, primo de um
ministro de Estado, laço pra ser valorizado. E agora com o Juca, a ser beneficiado.
Cego de nascença, Israel tinha firme crença, falava pelos cotovelos e os amigos eram todos os seus zelos. Prometeu cavar o emprego pro Juca. Iria falar com o primo, se necessário chegar a tal arrimo.
E o Juca, cegamente, confiou com a antecipação que se espera um herdeiro, ou dum bilhete certeiro. Mas não queria fazer feio ao benevolente e exigente Israel. Tratou a brioche e mel. E num gesto extremo, supremo, juntou todos os trocados e mais uns, a título de adiantados, e levou o amigo a um restaurante francês, o Chaumière, pra deixar gravada e grafada, além da garfada - avec la disposition, de sur l´addition, obtenir son entière gratification.
E o Israel se refestelou, e até du bon vin, tomou. Ao preço, o apreço ligou. Só não gostou do tamanho da porção e, só por um triz,
não foi ao segundo, um bis. Pro desespero de Juca. Que só foi maior quando, após angustiosa espera, desfez-se a quimera da colocação. E Israel foi cultivar outras amitiés.