Aparece a Aparecida
Apareceu a Aparecida
Acordem pra conhecer a nova irmãzinha de vocês. E acordamos, dum pulo, os três: eu com meus sete, o Beu, de seus quatro e meio e o Caxi, mal entrado nos seus dois. Era manhãzinha fresca, e antes que nos embevecêssemos sobre a rechonchudinha ao lado de mamãe, outra chamada de papai, desta vez só pros machos: vamos lá buscar umas galinhas no Migué de Souza.
E nos pusemos em marcha, primeiro alcançando a porteira que dava fim à nossa rua e em seguida, pasto adentro, numa estradinha vincada com os sinais das rodas de carro-de-boi. E por ali foi que fomos, até se perder a estrada e ganharmos uma trilha. Sonora, ora. Os ruídos matinais inspiram até pardais. Sem menos, nem mais.
E ao meio, foi aquele regatinho que veio. Rasinho, águas cristalinas, orlado de vegetação até no teto e com a pedrinhas arranjadinhas para não molharmos os pés - se o cuidado fosse dez. E aí, logo, a impressão da chegada à chácara que no mato se esconde, sem ser a do Visconde: uma casa singela, acho que amarela, de alvenaria, em meio à
mataria. Os câes, dous ou três, que imponência, ainda que sob obediência.
Cumprimentos e tratativas trocados com a dona da casa, ou filha do Migué - que, viríamos a saber, já bem depois, era também mãe e irmã de um de seus filhos - era hora dos cachorros mostrarem a sua serventia: umas galinhas gordas, pardacentas logo designadas em meio ao terreiro, e numa corridinha leve, crau, estavam imobilizadas, sem feridas ou sinais de dentadas, já acalmadas as demais do berreiro.
Voltamos impressionados daquela matinata, fazendo questão até de exibir um ou outro arranhão da aventura no matagal. Pegar galinha para aqueles cães era pinto: eles estavam treinados a derrubar bezerros e vacas.
A canja para o resguardo de mamãe estava garantida. E à rechonchudinha Cidinha podíamos agora nos vangloriar de nossas presas e proezas.