Velhas Cantoras De Jazz e Antigos discos Raros
Na velha Sunset St 382 morava Uma tal de Emily Gravson, uma ex cantora de jazz que não fez lá muito sucesso, ela até chegou a gravar dois álbuns que não venderam muito, depois de várias decepções no mundo da musica ela resolveu casar com um produtor de discos fracassado Pobre Emily, tinha uma especie de chama para a decadência, agora ela mora só num velho apartamento empestado de gatos a duas quadras da minha casa, ela passa o dia ouvindo velhos discos de jazz, dá até pra ouvir toda vez que eu passo de frente a sua casa,as vezes tenho vontade de tocar sua campainha e talvez me apresentar, talvez ela me convide para entrar e me ofereça um café, talvez conversemos sobre os velhos tempos, sabe eu sou um amante do jazz e cheguei a conhecer alguns produtores e músicos da velha guarda. eu até tenho os dois álbuns dela que comprei por acaso num sebo da Medison, eu havia dado uma oferta por uma grande pilha de discos e o vendedor disse você pode levar tudo por trinta e cinco mangos só não pode olhar oque tem é pegar ou largar, dai eu peguei, tinha uns cinquenta LPs doze deles eram raridades o resto era meio que entulho mas lá estavam eles os dois discos de Emily Gravson, muito bem conservados. Eu os uvi várias veses e me pareceram muito bons, era bem gravados e os arranjos muito bem feitos e executados, uma das canções que ela gravou ou melhor regravou foi "Autumn in New York"Que tinha sido gravada originariamente por Billie Holiday, claro que sua interpretação não se comparava a da Billie mas tinha lá sua própria personalidade. Na velha Sunset St 382 morava uma velha senhora que um dia sonhou em tocar as almas das pessoas através do jazz,mas será que as pessoas querem ter a alma tocada por o que quer que seja? Vivemos em um mundo frio de pessoas frias que não tem mais tempo para parar e ouvir um bom disco e quando ouvem é como se fosse um ruido de fundo para executarem as tarefas corriqueiras de suas vidas enfadonhas, a musica tem se tornado fútil e banal por melhor que ela seja, tenho medo que Beatles ou Mozart sirvam apenas como background para refeições cada vez mais rápidas ou para serem tocadas em shoppings centers. Pobre Emily,pobre de nós.