Faltava um amigo...
Estava cuidando de meus afazeres domésticos, coisas habituais de dona de casa.
Da janela dava para ouvir um bate papo entre dois amigos alcoólatras que estavam na varanda. Um deles mora no andar de cima, é uma pessoa boa, mas ficou escravo do álcool e na maioria das vezes está acompanhado de amigos com o mesmo vicio e um cachorro de rua que lhe quer muito bem.
Chama por ele no portão, até ser atendido; sobe três lances de escada, se alimenta, toma água, brinca bastante, depois desce as escadas como um condômino do prédio. Já nos acostumamos com a situação.
Algumas vezes na semana, vejo-os fora do prédio num banho de mangueira com sabão amarelo.
Fico observando e acho interessante, a forma como a vida apresenta amizades incondicionais... só sei que eles conversam muito.
Mas, neste dia, estavam comemorando o aniversário de um deles. A festa estava boa, na hora do brinde o aniversariante diz: está faltando o meu amigo Tonho, ele era meu amigo de verdade para sempre... um pai.
O outro dizia: não chore não!
Está certo, vamos tomar uma pela sua alma, e bêbados que estavam, desejavam coisas boas. Tomaram uma, duas, três... e quanto mais bebiam... um chorava e o outro consolava.
E pensei... quando a amizade é verdadeira, nasce e permanece mesmo em situações tão delicadas.