Inocência perdida
PARTE I
- Tu vai chorar se eu te machucar...
Não posso dizer que não fui avisado. Tínhamos 10 anos, eu e Thaís. Brincávamos os dois no pátio de minha casa. Tínhamos acabado de assistir ao filme Rocky, um Lutador. Empolgado, queria ser um boxeador como Rocky Balboa, ter músculos e ser aplaudido pela multidão em torno do ringue. Mas, para isso, teria que treinar muito. Thaís seria o meu "adversário". Assim como o Rocky tinha o Apollo.
- Pode me bater de verdade, guria. Eu aguento.
Insisti para que ela parasse com aqueles soquinhos vergonhosos e agisse como uma pugilista de verdade.
- Bom, depois não diga que não avisei...
Me descuidei e deixei a guarda aberta e ela me atingiu em cheio pela primeira vez na vida. Não imaginei que aquela menina, aparentemente, frágil tivesse tanta força. Com o golpe, perdi o equilíbrio caí e bati a cabeça numa pedra. Logo, um rio de sangue escorria por meu rosto. Thaís ficou apavorada e eu também. Comecei a chorar até que minha mãe veio ver o que houve.
- Nada mãe, eu escorreguei.
E imediatamente, mamãe pegou o carro para me levar ao médico. Mais tarde, já com o curativo e proibido de sair de casa por vários dias, recebi a visita da culpada por eu ter me tornado um prisioneiro em meu próprio lar.
- Oi, vim ver como tu está...
- Estou bem. Nem precisava botar curativo algum. Os médicos exageram.
- Ei, pode chorar, bobão. Não tenha vergonha. Eu sei que dói.
- Homem não chora. E nem doeu. Eu só perdi o equilíbrio.
Thaís chegou bem perto de mim e me olhou com aqueles olhos lindos e meigos. Acho que foi a primeira vez que notei os seus olhos cor de mel.
- Não está doendo nem um pouco mesmo?
- Bem, sabe como é...
Antes que eu pudesse responder, Thaís me surpreendeu novamente com a guarda aberta e me atingiu. Desta vez, com um beijo. Meu coração acelerou e minha respiração ficou tão ofegante, que acabei perdendo o equilíbrio e caí no sofá, visivelmente nervoso, com medo que mamãe nos pegasse. Thaís sorriu um sorriso levemente maroto e saiu. Parou na porta e me olhou.
- Valeu a pena?
- Hein?
- Tu ganhou esse beijo por que eu te feri. Valeu a pena?
Fiz que sim com a cabeça, sem saber se queria dizer sim ou não. Thaís envaideceu-se, mordeu o lábio, ao mesmo tempo que um sorriso brotava de seu rosto. Ela fez charme, balançando os cabelos e saiu, deixando aquele seu perfume doce no ar. Por um momento, senti que a dor tinha deixado a minha cabeça para se alojar em meu pequeno coração...
PARTE II
Aos 17 anos, concluí os estudos, me livrando dos professores e do "sistema prisional educacional". Tudo bem, não posso reclamar tanto, pois os melhores anos de minha vida foram marcados pelas amizades e pelos amores que conheci no colégio. Admito que também gostava de algumas disciplinas, exceto claro, Matemática. Uma vez, lembro vagamente, a professora falar sobre probabilidade complementar, termo usado para acontecimentos que poderiam, ou não, se realizar.
Como o fato de rever Thaís tantos anos depois dela ter ido embora da cidade onde nascemos. Eu tinha 12 anos, quando avistei o caminhão de mudança partindo de frente da casa dela. Vi ela chorando sentada na calçada. Lembro claramente da cena: ela estava com um vestidinho branco que fazia refletir a luz do sol e chegava a ofuscar um pouco. Parecia um anjo, com aqueles longos cachos caindo-lhe pelos delicados ombros.
Pensei em ir até ela e saber o que estava havendo, mas a mãe de Thaís saiu rapidamente de dentro da casa e disse para ela entrar no carro. À esta altura o caminhão da mudança já havia partido e, pelo que entendi, elas o seguiriam. Thaís entrou no carro, se alojando no banco de trás. Quando sua mãe deu a partida, ela voltou o seu olhar para a rua onde tantas vezes brincamos de bola, de roda, de esconde-esconde e onde estava eu, parado, olhando o carro se afastar. Meu olhar e o dela se encontraram e ficaram a eternidade de um segundo fixos um no outro, até a distância ser tão grande que era impossível decifrar o sentimento de tristeza que estampávamos. Ela chorava e eu também. Assim foi a nossa despedida. Sem sequer um adeus.
À noite, não conseguia dormir só em meu quarto. Fui até mamãe e confessei a minha tristeza.
- Mãe, eu estou com saudades da Thaís...
E me desmanchei nos braços de minha mãe, recorrendo ao seu calor. Ela me beijava a testa, enquanto passava a mão em meus cabelos.
- Não chore querido. Tenho certeza que tu e a Thaís voltarão a se encontrar um dia.
Depois, soube que o padrasto de Thaís era agressivo com a mãe dela, que tinha aproveitado uma viagem dele para fugir para bem longe. Os anos passaram e nunca mais vi Thaís.
Como as aulas do Ensino Médio tinham findado, era hora de enfrentar o vestibular, de pensar numa profissão. Porém, o curso que eu queria fazer, de Desenho Industrial, não havia na univerdade de minha cidade. Então, me mudei para a capital do Estado, onde fiquei morando na casa de uma tia.
No dia da prova, via aquele mar de gente cruzando pelos portões e se preparando para testar seus conhecimentos. Eu tinha passado várias noites estudando e rememorava o conteúdo, quando a vi a coisa mais linda de minha vida: Thaís. Linda, soberana, exuberante.
O mundo parou de rodar e todas as vozes se calaram. Só via ela deslizando pelo pátio da universidade, ao lado de outras garotas, sorrindo aquele mesmo sorriso encantador de menina (agora mulher) e balançando aqueles cabelos macios. Estava há vários metros de mim, mas era como se a sua simples visão me trouxesse novamente às narinas, a lembrança daquele seu perfume doce. Por um microssegundo, nossos olhares se cruzaram. Meu coração acelerou e minha respiração ficou tão ofegante, que não percebi a pequena grade do jardim, ao recuar dois passos para trás, estúpidamente. Perdi o equilíbrio e caí desajeitado sobre a grama, batendo a cabeça numa pedra. Nada sério, mas serviu para fazer latejar uma antiga ferida. Foi a segunda vez que Thaís me atingiu..
PARTE III
Depois do beijo que ganhei de Thaís, aos 10 anos, tudo mudou entre nós. Havia um clima de maior cumplicidade a nos envolver, ao mesmo tempo que tudo tinha deixado de ser como era. Se antes sentia ela como uma irmãzinha, agora começava a notar as suas formas de mocinha. Aos 12 anos, eu era um moleque tímido, magricela e nunca tive coragem de pedi-la em namoro. Mesmo assim, a considerava como minha namoradinha, apesar de nunca termos estabelecido algum acordo nesse sentido. E se eu, que era um bocó, já notava as mudanças em seu corpo, imagine os outros garotos do colégio. Um deles era o maldito André Oliveira, um pulha de 17 anos, repetente da 8ª série e que se gabava de já ter se alistado no quartel. Ele já fumava, bebia cerveja e até fazia a barba. De vez em quando, também pegava o carro do pai, que era brigadiano, às escondidas, e ia até o colégio para se exibir e oferecer carona para algumas meninas "até em casa". Claro que ele fazia questão de levá-las para outros lugares, antes de deixá-las realmente em casas. Por mim, as exibidinhas do colégio poderiam continuar pegando carona com ele o quanto quisessem, não me importava com nenhuma delas. A não ser com Thaís.
Infelizmente, o dia que eu mais temia havia chegado. Thaís e eu estávamos indo embora juntos, conversando, quando André cruzou de carro ao nosso lado.
- Ô, Thaís. Que pecado tu ir a pé até em casa. Entre aqui no carro que eu te levo...
Idiota. Ele podia convidar qualquer garota do colégio para entrar naquele carro imundo, menos Thaís. Ela jamais aceitaria.
- Gentileza sua, André. Vou aceitar sua carona, sim...
Não conseguia acreditar no que via. Thaís me deu um beijo no lado do rosto, dizendo que iria me ver mais tarde e entrou no carro com André. O desgraçado, antes de dar a partida, ainda olhou debochadamente para mim e piscou o olho. Arrancou, cantando pneu e deixando um rastro de fumaça preta. Controlei a raiva e a vontade de chorar e olhei fixo para aquela maldita placa de carro, que nunca mais esqueci:IFH-3233.
- Aposto que aquele desgraçado nem tem carteira e fica se exibindo por aí...
Foi aí que tive a idéia de ligar para a polícia e denunciar que alguém dirigia um veículo sem habilitação.
- Poderia nos dar a sua identificação, garoto...
Claro que não poderia. Desliguei o telefone antes que pudessem me localizar, como acontecia nos filmes. Logo vi que a polícia não iria ajudar, então, só eu poderia resgatar Thaís das garras daquele malandro. Não foi preciso procurar muito, pois algumas ruas adiante avistei o carro. Chegando perto, ouvi Thaís dizendo para André abrir a porta e ele se recusando a fazer isso. Logo, deduzi que ele tentava agarrar Thaís. Fiquei com uma fúria tão grande que nem senti o peso da pedra que juntei do chão e arremessei em direção ao vidro traseiro do carro, que se espatifou. André abriu a porta furioso ao ver que tinha sido eu. Mas eu não tinha o menor medo daquele idiota.
- Tire as suas patas imundas de cima de Thaís.
- Moleque desgraçado. Eu vou te arrebentar ao meio...
E ele partiu para cima de mim, me agarrou pelos cabelos. Eu acertei um pontapé em seu joelho, enquanto que André me deu um soco no estômago. Caí no chão, sem conseguir respirar e só via ele vindo para cima de mim e, como disse, me arrebentando. Foi quando a polícia chegou. Junto, estava o pai de André que, não sei se já falei, era brigadiano. Ele ficou triplamente furioso com o filho: por ter pegado o carro, pelo vidro quebrado e por estar surrando uma criança.
Como eu estava ferido, até pensei que Thaís viria falar comigo, ia ficar com pena e cuidar de mim. Mas ela tinha sumido e me deixado ali, sozinho, enfrentando aquele gigante. Fiquei ainda mais triste com ela. Fazia uma semana que não conversávamos, quando a vi chorando sentada na porta de casa, após a partida do caminhão de mudanças. Foi o dia que sua mãe saiu rapidamente de dentro da casa e disse para ela entrar no carro. Nunca mais nos falamos, nunca mais a vi. Até revê-la no pátio da universidade.
FINAL (sim acaba aqui...)
Escolhi o curso errado. Deveria fazer Psicologia, ao invés de Desenho Industrial, assim poderia compreender melhor minhas próprias atitudes. Tipo, estar há três meses na universidade, vendo Thaís de longe, louco de vontade de conversar com ela, mas sem coragem de fazer isso. Outra dia, quase nos esbarramos, trocamos olhares e nenhuma palavra. Por um momento, senti como se uma fagulha se acendesse em seu olhar e ela fosse dizer um simples "oi", mas não aconteceu. E por que eu não fiz isso? Simples, porque sou um covarde. Por isso deveria fazer Psicologia.
Hoje é 12 de junho, Dia dos Namorados. Lembro que, neste mesmo dia, quando tinha 11 anos dei um presente para Thaís, afinal, ela era a minha namoradinha. Então, depenei a roseira preferida de minha mãe para fazer um buquê. Thaís adorou. Minha mãe odiou. E eu fiquei de castigo.
Não consegui me concentrar na aula, comecei a rabiscar uma carta de amor, com todos os meneios barrocos e sedutores. Uma carta endereçada para...ninguém.
A turma alugou uma boate para comemorar o aniversário de um dos colegas. Metade da universidade estava lá. Iria acontecer a apresentação de nossa banda, que era um couver do Guns'Roses. Eu era o bateirista. O vocalista queria ser o novo AXL. Bom moço que sempre fui, devo ter surpreendido a todos quando comecei a beber todas. Pulei, dancei, gritei, beijei, extravasei. O álcool me deixou eufórico, mas aos poucos, uma sensação de vazio interior começou a tomar conta de mim. Devo esclarecer que esse vazio era de tristeza, mas também de fome e, logo, estava vomitando até as tripas. Resolvi parar de dar vexame e ir embora. Você já viu um bêbado cruzar uma rua movimentada? Me assustei com a velocidade dos automóveis, fui desviar de um e não consegui desviar de outro. Em seguida, estava com o rosto colado no asfalto, vendo a porta de um carro se abrir e alguém vindo em minha direção. Depois, apaguei.
Quando tornei a abrir os olhos, percebi as paredes brancas de um hospital, ao mesmo tempo que senti uma dor em meu braço, engessado. Acho que o quebrei. Também estava percebendo uma dor em minha cabeça, ao verificar que estava com ela enfaixada.
- Valeu a pena?
Não percebi que tinha mais alguém no quarto. Me virei rapidamente para o sofá ao lado e vi a pessoa mais improvável para estar ali, junto comigo: Thaís.
- Eu tive que te atropelar para que nos reencontrássemos. Valeu a pena?
Não acredito. Thaís me atropelou. É piada do destino? Queria muito reencontrá-la. Imaginava que a gente poderia se esbarrar em algum corredor da universidade. A gente se reconheceria e se abraçaria. Depois iríamos passear pela praça, dividir uma taça de banana split, assistir a algum filme no cinema. Sei lá, tudo menos isso. Poderia até dizer que esta foi mais uma, daquelas vezes, em que Thaís me atingiu. Mas nada se compara ao que veio mais tarde.
- Acho que quebrei o braço...
- Quebrou. Mas eu poderia ter te matado. Agora tu é beberrão?
- Não. Eu exagerei, mas nunca tinha feito isso. Desculpe.
- Ei, seu bobão. Eu é quem te devo desculpas.
- Valeu a pena ter sido atropelado, sim. Assim, pude reencontrar te reencontrar...
- É? Fazem meses que te você me esnobando, fazendo de conta que não me conhece, desviando o olhar, evitando estar nos mesmos lugares que eu. Por que isso?
- Achei que não lembrava mais de mim...
- Eu nunca te esqueci.
Logo, estávamos conversando sobre tudo. Sobre nossos gostos, sonhos e medos. Tratamos de recuperar o tempo perdido, sem ver as horas, os dias e as semanas voarem. Thaís e eu voltamos a ser o que éramos um para o outro. Estávamos sempre juntos e reatamos a velha amizade. Mudei para um apartamento. Agora, estagiava em uma agência de publicidade e já ganhava uns trocados que me garantiam o aluguel. Um dia, mostrei para Thaís uma foto que guardava como um tesouro, do tempo de criança. A imagem eternizava o dia em que completamos 12 anos, numa festa de aniversário conjunta. Nós dois soprando as velinhas do bolo. Aquela simples cena fez desencadear um turbilhão de lembranças e emoções tão puras e tão maravilhosas. Estar com Thaís me permitia resgatar a história de minha vida. Anos depois, aquelas duas crianças estavam novamente juntas. Mas não era mais como antes. Agora, eu era um homem e ela uma mulher.
- Thaís, tu vai me achar um idiota pelo que vou dizer...
- Sim?
- Eu...te mo. Desde aquele beijo.
A menina dentro dela me olhou surpresa, emocionada. Mas a mulher franziu a testa, olhou novamente para a foto em suas mãos, suspirou, caminhou até a janela e ficou a olhar para a vida lá fora.
- Eu não gostaria de te ferir e de fazê-lo chorar...
- Tu jamais me machucaria...
- Machucaria, sim. Tu continua o mesmo menino amável e romântico, que ainda está apaixonado pela menina delicada e pura que fui e já não sou mais. Mas tu ainda me vê com 12 anos. Sinto muito, mas essa foto foi tudo o que restou desse tempo...
Thaís começou a chorar. Cheguei mais perto, peguei em sua mão e passei a mão em seu rosto, limpando as lágrimas delicadamente com a ponta de meus dedos. Por um momento, ela parou de chorar e suspirou me encarando. Aproximei-me mais, sentindo a sua respiração ofegante. Meus lábios estavam a poucos centímetros dos seus e eu estava pronto para beijá-la.
- Não!
Thaís afastou-se, abruptamente.
- Eu não quero ferí-lo e nem me ferir. Há muita coisa que tu não sabe. Alguma vez se perguntou o real motivo de minha mãe e eu termos fugido? Meu padrasto me assediava sexualmente. Eu tinha apenas 11 anos, quando perdi a minha inocência, sabe o que é isso? Confiar numa pessoa e ser traída assim? Aos 15, fugi da casa de minha mãe, porque meu padrasto nos encontrou e ela acabou voltando para ele, após ele insistir, pedir desculpas e dar ridículas provas de amor. A idiota da minha mãe ainda era apaixonada. Ela o conheceu quando estava casada com meu pai, que morreu quando eu tinha 04 anos. Anos depois, ela sucumbiu à insistência dele e se casou novamente. Vou te poupar dos detalhes mais sujos de tudo o que aconteceu comigo mas, acredite, não fui uma criança feliz. Tu é o único motivo que tenho para lembrar de minha infância ...
- Thaís...eu não sabia disso.
- Há outra coisa que também não sabe. Eu tive que me sustentar morando sozinha. Mas descobri que a liberdade custa caro, tão caro quanto as decisões que tomamos. Então, comecei a transar por dinheiro. Sim, eu me tornei uma garota de programa...
Fiquei mudo, sentindo meu coração apertar, enquanto uma tristeza tomava conta de minha alma. Não estava preparado para ouvir aquilo. Cego e apaixonado, havia projetado nela um amor perfeito, uma imagem de inocência que não existia.
Desta vez, Thaís me atingiu como nunca. Não sabia o que dizer, nem sabia se queria dizer algo. Ela também estava calada, talvez já estivesse arrependida de ter revelado o seu segredo que eu preferia nem saber. O silêncio constrangedor foi quebrado pelo toque do celular de Thaís.
- Tenho que ir.
Rapidamente, ela pegou sua bolsa e se dirigiu até a porta. Párou por um instante e me olhou, talvez esperando alguma resposta minha. Calado, tentei sorrir para ela, mas creio ter falhado nisso. Deixei Thaís ir embora e fiquei o resto da noite angustiado com o que ela me contou. Tentei dormir, mas não consegui, assombrado por lembranças felizes. Fechava os olhos e lembrava daquela tarde, quando brincávamos de boxe. Ela, uma princesinha com 10 anos, dizendo "você vai chorar se eu ferir você". Agora aquela frase ganhava um outro sentido e eu chorava muito. O tempo voou. Quando fui verificar as horas no meu celular, descobri que estava sem bateria. Quando conectei o aparelho na tomada, o telefone indicou que havia recebido uma mensagem de voz. A voz de Thaís.
- Eu gostaria que as coisas fossem diferentes. No meu mundo perfeito, eu seria sempre a garota doce que tu ama e tenho certeza de que seria muito feliz ao seu lado. Infelizmente, a vida não é um conto de fadas, embora a gente sempre queira ter um final feliz...
Era hora de tomar uma decisão, a mais importante de minha vida, até então. Quando o dia amanheceu, eu já sabia o que deveria fazer...