A coisa mais linda que você me disse
Ele chegou em casa, fechou a porta e procurou-a rapidamente. Estava empolgado. Ela estava deitada, lendo no sofá.
- Lice!
- Estou aqui na sala. Lendo.
Ele apareceu na porta da sala sutilmente; não queria espantar a borboleta.
- Quero conversar com você.
Um olhar que surgira por trás do livro foi a resposta perfeita para aquele momento. Duas luas negras encantadoras dentre os clarões do sol-sem-cor. Ele sentou ao lado dela, sua boca quente ensaiava uma frase:
- Já te falaram sobre o amor?
- Não. Nunca falei sobre isso, apenas sinto...
- É uma bobagem.
- O quê? O amor?
- Também.
- Para Camões, o amor é um fogo que arde sem se ver...
- Ferida que dói e não se sente?
Marcos riu. Risada alegre livre que voou pelo ar.
- Cássia comparou com o sol. - eu disse.
- Já figuraram numa garota de Ipanema. O amor deve ser feio. Se não, por qual razão os músicos adorariam o belo com amor?
Fiquei calada. Em dois anos de casamento, sempre tivemos a certeza de que o dia era lindo e a noite mais linda ainda.
- Adiantaria se eu dissesse que te amo?
- O que poderia mudar?
- Tudo? Nada? Não sei. Você me amaria mais?
- Não. Palavras estão apenas em nossas bocas e mentes.
Tlac! Ele estralou os dedos.
- Razão versus sentimento, certo?
Sorriso.
- Esse sorriso é fascinante.
- A-M-O-R.
- Psiu... - beijando-a - não fala nada. Não estraga ele. Abre seu sorriso de novo. É a coisa mais linda que você já me disse.