O cheiro da amizade...
Quando somos impregnados pelo cheiro da amizade,
Nada, nem o tempo podem impedir-nos de lembrar...
E de sentir a sensação de que se está perto.
Não bastasse a canção, estávamos eu, um chá de canela e um pão de queijo quentinho exalando seu aroma no ar.
Certas coisas definitivamente não se esquecem...
O cheiro do fogão a lenha, as gargalhadas por coisas bobas, uma pessoa doce que amava receber as nossas visitas, mesmo que deixássemos a sua casa na maior bagunça.
Estava sempre num vestido estampado com delicadas flores em cores claras, combinando com o tom de seus cabelos loiros e bem arrumados, olhos azuis que sorriam junto com o seu sorriso, era um espírito muito feliz...
Cuidava da casa com esmero; sua arte nos bordados estava por toda parte, pássaros no jardim atraídos pela quantidade de plantas e flores e alguns gatos que às vezes rolavam no tapete da sala.
Vivia sem pressa... contava histórias e estórias para que entendêssemos a diferença do real e da fantasia. Elogiava cada um em pontos diferentes como se lesse a nossa necessidade em sermos amados, aceitos, sem ciúmes nem rivalidades. Existia tanta amizade entre ela e nós. Somávamos seis entre os maiores, sim, pois havia mais, mas... ainda bebes.
Nosso avô ia buscar-nos nas férias escolares, e mesmo em dias que não havia aula, sendo eu a mais velha, pegava o ônibus que fazia o trajeto por sua casa e ficava com ela até dar a hora de voltar pra casa. Como era boa a nossa amizade...
Assim éramos, eu e a minha avó.