Tempos que lá se vão...
Barreiro da Tôca – propriedade localizada no coração do sertão mineiro.
Anos sessenta...
Àquele menino esperto, trabalhador, acabara de completar 7 anos de idade, no ano seguinte já iria pra escola.
Naquela época não existia o pré-escolar, jardim, pro-infância ou coisa parecida. Também, mesmo que existissem, lá na roça não tinha condições de funcionar, pois a vida era muito difícil.
O mês de fevereiro chegou, era tempo de escola. A escola funcionava na casa de um tio seu e como ficava distante, ele iria para casa desse tio, ficaria a semana, chegando sempre na segunda e voltando na sexta-feira.
O trajeto era feito à cavalo, alguém o levava na garupa, já que ele não tinha idade suficiente para fazer o trajeto sozinho.
A casa do seu tio era uma casa simples, porém confortável para àquela região. O piso das salas e quartos eram em ladrilhos e o da cozinha em chão batido.
A escola funcionava na sala de fora – comumente chamada de varanda - e era do tipo multisseriada. Não existiam carteiras, eram usados bancos de madeira, uns para assentos e outros mais altos para servirem de carteiras e um pequeno quadro-negro.
Como na sua casa, ali também ele tinha obrigações. Todo dia bem cedinho tinha que ajudar na lida do gado, na ordenha, embora a quantidade de leite obtida fosse muito pequena, mas levava-se um bom tempo nessa peleja.
Depois da lida do gado, ele juntamente com seu primo e sua prima, que regulavam sua idade, tinham que pilar o arroz para a refeição do dia. Por ser muito pequenos ainda, o pilão ficava alto, dando na boca do estômago, altura insuficiente para poder socar - isso sem falar que a mão-de-pilão era muito pesada - então colocava uma gamela de madeira emborcada para elevar a estatura.
Depois dessa tarefa, chegava à vez de encher os potes de água. Pegava no tanque que ficava localizado a uns 800 metros e transportavam na cabeça - ora com um pote menor, ora com uma lata de querosene ou até mesmo em cabaças. A grande dificuldade era na hora de encher as vasilhas, pois o tanque era fundo e havia sempre o perigo de escorregar.
Assim foi o início da vida do Tom, quando começou a trilhar os caminhos da escola.